sábado, 21 de setembro de 2024
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Mãe sonha em rever quatro filhos acolhidos há 12 anos

Ao despertar na madrugada de 27 de novembro de 2004, ainda com o sol prestes a aparecer em Araçatuba, Rosângela Bernardes dos Santos, hoje com 48 anos, não imaginava que…

Ao despertar na madrugada de 27 de novembro de 2004, ainda com o sol prestes a aparecer em Araçatuba, Rosângela Bernardes dos Santos, hoje com 48 anos, não imaginava que aquele dia seria um dos mais marcantes de sua vida até então.

Ao chegar em uma roça de maxixe, o trabalho braçal foi interrompido por uma ligação telefônica que nunca mais abandonou sua mente.

Do outro lado da linha, uma vizinha, com voz ofegante, anunciava que o Conselho Tutelar de Araçatuba acabara de recolher quatro filhos menores, do total de nove crianças que compunham a prole. O calafrio invadiu o corpo da mulher, que tratou de voltar da zona rural à cidade para tomar pé da situação.

Naquele mesmo dia ela compreendeu que a Justiça, soberana, alertada por uma denúncia anônima, havia decido recolher as quatro crianças, na época com 2, 3, 7 e 8 anos de idade, encontradas sozinhas em uma casa simples, situada em uma das últimas ruas do bairro Mão Divina, um dos mais carentes de Araçatuba.

A alegação, à época, foi de que as crianças estavam abandonadas, à mercê da própria sorte, fato que dá legitimidade à ação tomada pelo Conselho Tutelar, de acordo com Lei vigente no Brasil.

Apesar de entender a pertinência da legislação, o coração de mãe se despedaçou e ela procura os cacos espalhados até hoje. “Nunca maltratei meus filhos”, alega ela.

Com a ferramenta da tecnologia e em uma campanha nas redes sociais, Rosângela procura qualquer informação sobre o paradeiro dos quatro filhos, os quais nunca mais teve contato.

Em entrevista ao RegionalPress, Rosângela conta sua versão dos fatos. Apesar de reconhecer o poder legítimo da Justiça, ela disse que naquele dia teve que sair de casa de manhã para trabalhar na roça.

“Era para o meu menino mais velho levar as irmãs para a creche, como acontecia todos os dias, mas não ocorreu isso e as crianças ficaram em casa”, disse. “Eu confesso que só pensava em trabalhar para trazer comida para casa”.

Com uma revolta no semblante, Rosângela faz questão de deixar claro que, apesar de ser casada na época, “o ex-marido constituía um peso contra”, observa.

“Não me ajudava em nada e eu que tinha que me virar para cuidar e alimentar os meus filhos”, garante ela.

Durante a entrevista, sem qualquer esforço para resgatar os sentimentos escondidos nos labirintos obscuros da alma, a mãe revela um desejo que parece não ter data de validade: saber como os filhos estão atualmente, após quase 13 anos de saudade.

“Não quero atrapalhar a vida de ninguém, seja dos meus filhos ou de suas possíveis famílias atuais”, disse. “Mas, é impossível esquecer deles”.

Hoje, os filhos de Rosângela têm de 14 a 20 anos de idade. Por lei, não é possível a divulgação de qualquer dado sobre crianças e adolescentes abrigados por determinação da Justiça.

“Não quero infringir a lei, de maneira nenhuma, mas ninguém pode tirar do meu coração a esperança e a vontade de abraçar e beijar meus filhos, nem que seja por um momento apenas”.

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