Um mês após a morte do filho de 6 meses, ainda em sua barriga, a dona de casa Kelly de Fátima Mendonça, de 29 anos, não recebeu o laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Votuporanga para saber quais as causas que a fez perder o seu quinto filho que nasceria em julho.
A criança era um menino, tinha 1,3kg e media 39 cm. Provavelmente receberia o nome de Alessandro, em homenagem ao pai.
Ela disse que ligou no IML de Votuporanga na quinta-feira para saber se o resultado da causa da morte do bebê já estava pronto. Porém, uma funcionária informou que o exame poderia demorar até 60 dias para ficar pronto.
Caso os pais recebam a informação de que o filho morreu devido a um possível descaso médico, baseado somente em oferecer soro e Buscopan para a gestante e não levá-la a tempo para o hospital, Kelly diz que retende entrar com uma ação contra a Secretaria Municipal da Saúde. “Na Santa Casa, uma médica me disse que se eu tivesse sido atendida a tempo, o meu bebê ficaria na UTI neonatal para se desenvolver. É muito revoltante tudo isso”, disse.
O marido de Kelly, o pedreiro Alessandro Antônio Pacífico registrou um boletim de ocorrência como omissão de socorro, no 1.º DP (Distrito Policial), contra o atendimento prestado pela equipe do Consultório Municipal “Dr. Joel Pereira dos Santos”, no bairro Colinas, zona Norte da cidade. Após ser medicada, as dores não cessaram. A ambulância foi chamada para levar a vítima até a Santa Casa de Votuporanga. Kelly iniciou o trabalho de parto ainda dentro do veículo, mas o bebê morreu a caminho do hospital.
Relato
Kelly recebeu a reportagem do jornal A Cidade na manhã de sexta-feira para falar sobre o caso. Ela é mãe de quatro filhos, sendo que três moram com o casal.
A gravidez foi normal, segundo ela, e o pré-natal era feito no postinho do Colinas.
No dia dos fatos, levou dois filhos na escola e seguia para pagar uma conta na lotérica. No meio do trajeto, sentiu fortes dores na barriga e procurou por atendimento médico no postinho de saúde.
Ao chegar no atendimento, ela contou que uma enfermeira do acolhimento levou-a para pesar e aferir sua pressão. Foi receitado soro e Buscopan. A crítica que ela faz é que a especialista não ouviu o coração do bebê.
Ela tomou o medicamento por 40 minutos e recebeu alta para ir para casa. Entretanto, por sentir ainda fortes dores na barriga, não conseguia andar.
Como ainda não se sentia muito bem, os funcionários a colocaram em uma maca e ligaram para o marido de Kelly. A equipe esperou a chegada do Samu, mas foi enviada uma ambulância da Prefeitura.
No caminho, ela sentiu o bebe nascer e viu que a hemorragia estava intensa. Quando chegou na Santa Casa, o bebê terminou de nascer, porém, já sem vida. “Se tivesse me levado a tempo, creio que poderiam ter salvado meu filho”, disse. Ela acredita que o bebê possa ter ingerido algum líquido quando começou a nascer ou sofrimento fetal no período em que a mãe estava no postinho de saúde.
Ela ainda ficou internada na Santa Casa para se recuperar e recebeu alta no dia seguinte, quando foi ao velório do filho. Kelly disse que depois da morte do bebê, recebeu em sua casa uma enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde, mas não recorda o nome.
A visita foi para obter informações sobre o que aconteceu no dia dos fatos, anotando as informações em uma ficha. Da Santa Casa, falou que não recebeu nenhum contato.