Um ebó (termo do grupo étnico africano, Yorubá, que habita a Nigéria e significa oferenda) foi despachado em plena avenida Alberto Andaló, em Rio Preto, intrigando pedestres e motoristas que passavam pelo local, na manhã de hoje. A oferenda, geralmente utilizada no Candomblé, tinha cinco galinhas e um cabrito, todos sem cabeças, velas coloridas, farofa, batatas e cestos de vime bem no canteiro central da principal via da cidade, no cruzamento com a rua Marechal Deodoro. Não se sabe a autoria do trabalho, nem o motivo ou pra quem foi direcionado.
A mãe de santo Rose foi procurada pela reportagem para explicar o que ritual representa, no entanto, a indignação tomou conta da líder espiritual. “Nesta cidade há muita gente que acha que sabe como lidar com as coisas, mas o fato de despachar em plena avenida Alberto Andaló já prova que essa pessoa não sabe o que está fazendo. Isso só denigre a imagem do Candomblé, que é uma religião séria e que não tem como doutrina fazer o mal.”
Mãe Rose explica que o sacrifício animal é utilizado na religião como um presente aos orixás, entidades espirituais que auxiliam na evolução humana, mas que, apesar de poderosas, estão abaixo de Jesus. Esses sacrifícios, quando feitos por pessoas iniciadas e sérias, de acordo com a mãe de santo, são apenas uma forma de agradar os santos e, que, no caso de cabritos, a carne normalmente é doada para o consumo.
“Matamos boi, galinha, entre outros animais para comer. Isso não é diferente. Na Bíblia, há descrição de muitos sacrifícios. Quando fazemos, entretanto, é para pedir o bem, a paz e a prosperidade. Em nenhuma religião se prega o mal ao próximo, e nós do Candomblé também seguimos a palavra cristã”, diz.
Pela descrição da imagem, mãe Rose disse que a intenção da pessoa que fez o trabalho não é das melhores, já que trata com cores de espíritos menos evoluídos e que, provavelmente, a intenção era prejudicar alguém. Entretanto, ela afirma que o mal não consegue alcançar seu alvo, e que o resultado é apenas a decepção de quem teve a intenção. “A maldade é uma grande perda de tempo. Para derrubar um inimigo basta prosperar e isso não acontece a quem procura o mal. Toda e qualquer religião sabe que o bem é que tem valor”, alerta.
A Polícia Ambiental de Rio Preto informou que nenhuma notificação foi registrada na corporação. Além do mais, o sacrifício de animais em exercício de cultos religiosos não é considerado crime ambiental, já que a liberdade de crença é inviolável.