Dois macacos que foram resgatados com sinais de intoxicação estão aptos a serem devolvidos à natureza, em São José do Rio Preto (SP). A previsão é que a soltura seja realizada na tarde desta segunda-feira (29), na Mata dos Macacos.
Desde o início do mês, pelo menos 10 animais foram resgatados com sinais de intoxicação ou agressão na região e encaminhados ao zoológico da cidade. Alguns deles morreram e um inquérito foi instaurado para apurar a situação.
A Polícia Militar Ambiental acredita que os casos de intoxicação foram motivados por medo da nova varíola, que é transmitida entre humanos. Para evitar novos casos, a corporação reforçou o patrulhamento nas matas.
“Elas [as macacas resgatadas] foram tratadas com protocolo para intoxicação e responderam muito bem aos cuidados. Então, ainda que não saibamos qual princípio ativo causou mal aos animais, a suspeita [de intoxicação] é muito forte”, explicou o veterinário e gestor do zoológico, Guilherme Guerra.
“Uma terceira macaca resgatada no local precisa de mais tempo no zoológico. Como ela teve o fêmur fraturado, precisou passar por cirurgia e ainda está em recuperação. Mas está em ótimo estado.”
Investigação
De acordo com o delegado João Lafayette Sanches, a Polícia Civil apura se estes casos têm origem criminal ou não.
“Alguns órgãos dos animais estão sendo estudados para saber qual a origem da morte. Se for em virtude de maus-tratos, de alguém estar matando, a Polícia Civil está investigando e irá apurar a autoria”, afirmou o delegado.
Ainda segundo o delegado, o crime de maus-tratos aos animais tem pena que varia de 3 meses a 1 ano de detenção. Mas se ocorrer a morte do animal, a pena é aumentada.
Macacos não transmitem a nova varíola
O médico virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), Maurício Lacerda, explicou que os animais encontrados no Brasil não oferecem risco para o ser humano quando o assunto é varíola dos macacos.
“O que nós estamos vendo no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos é uma transmissão entre pessoas. Pessoas que estão doentes e estão transmitindo por contato próximo para outras pessoas. Não existe nenhuma evidência da circulação do vírus da varíola de macacos em macacos no Brasil. Não há necessidade de ocorrer pânico, não há necessidade de evitar os macacos”, disse.
Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está atualmente avaliando com especialistas a adoção de um novo nome para a varíola dos macacos, depois que cientistas escreveram uma carta à organização solicitando uma nova nomenclatura “que não seja discriminatória nem estigmatizante”.
Sobre isso, a epidemiologista da OMS acrescentou que o trabalho atual da organização está em andamento, mas não estabeleceu uma data exata para a definição do novo nome.