terça, 7 de janeiro de 2025
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Lula diz que Bolsonaro ficou constrangido em posse de Moraes no TSE

O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência nas eleições deste ano, afirmou nesta quarta-feira (17) que a posse do ministro Alexandre de Moraes como novo presidente do Tribunal Superior…

O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência nas eleições deste ano, afirmou nesta quarta-feira (17) que a posse do ministro Alexandre de Moraes como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) representou um ato “muito forte” em defesa da democracia.

Lula deu a declaração ao conceder entrevista à Rádio Super, de Minas Gerais. Na avaliação do candidato do PT, que participou da cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, estava constrangido.

Bolsonaro costuma atacar Moraes com frequência e, sem jamais ter apresentado provas, o presidente da República também ataca as urnas eletrônicas e o processo eleitoral repetindo acusações já desmentidas por órgãos oficiais.

Durante a posse de Moraes, houve vários discursos de autoridades a favor das urnas, do processo eleitoral brasileiro e da democracia.

“O Bolsonaro estava incomodado porque ouviu tantas vezes a palavra democracia, ouviu tantas críticas ao autoritarismo e às fake news. Estava muito incomodado. Cada discurso que falava de democracia, era visível a cara dele de constrangimento”, disse Lula na entrevista.

“Ele passou o tempo inteiro desaforando a Justiça Eleitoral, desacreditando a urna, tentando desmoralizar as instituições, e ontem foi um ato de fortalecimento do estado de direito democrático no Brasil. Foi um ato em que a gente valorizou muito a questão da democracia. Foi um ato importante, muito importante. [….] Foi um ato muito forte em defesa da democracia e, por isso, o presidente estava incomodado, porque ele não gosta de democracia”, acrescentou Lula.

Em seguida, Lula informou que, na posse de Moraes, conversou com os ex-presidentes José Sarney e Michel Temer, ambos do MDB.

Para o candidato do PT, a posse de Moraes representou também um “ato de civilidade” entre pessoas que gostam da democracia e que querem que o Brasil tenha paz e tranquilidade.

“Ele [Bolsonaro] estava muito inquieto, muito incomodado. […] Ali cheirava a democracia, a liberdade, a respeito às urnas e à luta contra as fake news. Ele estava incomodado, um ato contra quase tudo que é o comportamento do presidente da República”, disse o candidato do PT.

Aliança com políticos condenados
Durante a entrevista desta quarta-feira, Lula foi questionado se, caso eleito, se sentirá “confortável” em manter diálogo com políticos condenados pela Justiça, como Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, para discutir alianças políticas.

Valdemar Costa Neto é o atual presidente do PL, partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro é filiado, e Roberto Jefferson, candidato à Presidência da República pelo PTB e que se diz “fã” de Bolsonaro.

Os dois foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. Roberto Jefferson cumpre prisão domiciliar atualmente, decretada no inquérito que apura a atuação de uma milícia digital que atua na internet contra a democracia e as instituições.

Lula, então, respondeu: “Eu posso conversar com o PTB sem precisar conversar com o Roberto Jefferson. Eu posso conversar com o PL sem precisar conversar com o presidente do PL. Ou seja, o importante é que você estabeleça uma política de conversação com as pessoas que têm mandato, com as lideranças no Congresso Nacional, para você poder estabelecer uma política de boa convivência no Brasil.”

“Essas pessoas cometeram erros, essas pessoas cometeram crimes, essas pessoas foram julgadas, essas pessoas foram condenadas, mas essas pessoas estão livres e estão fazendo política. Essas pessoas são presidentes de partidos, são dirigentes partidários. Essas pessoas têm mandatos. Você não pode criminalizar porque a pessoa cometeu apenas um crime. Ele já foi julgado, já foi processado e já foi absolvido ou cumpriu sua pena. E a vida que segue. E você tem que conversar com as pessoas, não tem jeito”, acrescentou o candidato do PT.

Lei da Ficha Limpa
Lula também criticou nesta quarta-feira a Lei da Ficha Limpa, que define alguns critérios para que candidatos não possam disputar as eleições, como condenação por órgão colegiado.

Em 2018, enquanto estava preso, Lula tentou se candidatar à Presidência. Na ocasião, a candidatura foi barrada pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. Em 2021, as condenações de Lula na Lava Jato foram anuladas, o que devolveu os direitos políticos ao ex-presidente.

“Eu acho que foi uma bobagem a gente fazer a Lei da Ficha Limpa tal como ela foi feita. Ou seja, você muitas vezes pune uma pessoa e três meses depois essa pessoa readquire o direito de ser candidato. Precisa dar uma rediscutida na Lei da Ficha Limpa.”

Ciro Gomes
Lula foi questionado nesta quarta se comentaria uma declaração do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, segundo a qual Lula “se corrompeu”.

O candidato do PT, então, respondeu: “Nada. Eu não vou levar a sério o Ciro.”

Ex-governador do Ceará, Ciro Gomes comandou o Ministério da Integração Nacional (atual Ministério do Desenvolvimento Regional) no primeiro mandato de Lula como presidente (2003-2006).

Imposto de Renda
Lula também falou nesta quarta-feira sobre isenção do Imposto de Renda. Pela regra vigente em 2022, quem recebeu menos de R$ 28.559,70 em 2021 não precisou pagar o imposto.

Na entrevista, Lula disse que, se eleito, irá propor que a faixa de isenção fique “por volta” de R$ 5 mil.

“Vamos ter que escolher uma faixa maior para isentar do Imposto de Renda. […] É preciso que a gente discuta uma outra faixa, por volta de R$ 5 mil. Ou seja, até lá, as pessoas não precisariam pagar Imposto de Renda.”

“Guerra santa”
Ainda na entrevista, Lula foi questionado sobre o que pretende fazer para conseguir mais votos entre eleitores evangélicos.

Pesquisa do instituto Ipec divulgada nesta semana mostrou que Bolsonaro tem vantagem sobre Lula entre os eleitores que se dizem evangélicos.

O colunista do g1 Valdo Cruz informou que a campanha de Bolsonaro à reeleição tem como estratégia buscar o voto do eleitorado evangélico.

“Eu não sou candidato de uma facção religiosa. Eu sou candidato do povo brasileiro. Quero tratar evangélico igual católico, islâmico, judaico. Quero tratar as religiões, incluindo as de matriz africana, com o respeito que todas as religiões têm que ser tratadas. Não quero fazer uma guerra santa neste país, não quero estabelecer rivalidade entre as religiões. A religião é para cuidar da nossa fé, da nossa espiritualidade, não para fazer política”, declarou Lula nesta quarta.

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