sábado, 23 de novembro de 2024
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Livro com fotos raras e exposição “eternizam” Brasil de 1958

Dribles desconcertantes de Garrincha, duas bolas na trave, uma dele e a outra de Pelé, e o primeiro gol de Vavá na vitória por 2 a 0 sobre a União…

Dribles desconcertantes de Garrincha, duas bolas na trave, uma dele e a outra de Pelé, e o primeiro gol de Vavá na vitória por 2 a 0 sobre a União Soviética.

Esses foram, muito resumidamente, aqueles que ficaram conhecidos como os três minutos mais marcantes da história do futebol, ocorridos em 1958, e que marcaram a ascensão da Seleção Brasileira rumo ao seu primeiro título mundial. Só que ninguém no País assistiu a esses lances ao vivo, pois não havia transmissão pela tevê dos jogos na Suécia. À distância, restava aos torcedores da Seleção a possibilidade de “ver” os jogos pelas vozes dos narradores de rádio.

É para tentar minimizar essa ausência de registros audiovisuais e resgatar a conquista de 1958 que algumas produções culturais estão sendo apresentadas na efeméride dos 60 anos da conquista na Suécia. São os casos do livro “Seleção Nunca Vista”, organizado por Silvia Herrera, filha do fotógrafo Antonio Lucio, que trabalhou por anos no Estado, e da exposição “A Primeira Estrela”, no Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu.

O livro produzido por Silvia Herrera conta com material fotográfico, a sua maior parte inédita, do elenco dirigido por Vicente Feola e fotografado por Antonio Lucio em Poços de Caldas (MG), durante a preparação para a Copa na Suécia.

Com textos do jornalista Antero Greco, a publicação traz fotos raras do período de concentração na cidade do Sul de Minas Gerais, lembrado com saudade pelo ex-atacante Pepe, convocado para defender o Brasil naquele Mundial de 1958.

“Foi um período de preparação muito bom. Lembro que tínhamos um contato muito agradável com os torcedores e que as pessoas podiam tirar fotos com frequência com os jogadores. Era uma outra época”, disse o ex-jogador de 83 anos ao Estado.

Hoje calvo, Pepe até brincou com o fato de que uma foto sua retratada no livro foi destacada com o título “O Galã”. “Para você ver, rapaz, naquela época eu tinha até dois topetes (risos). O tempo passa e já se passaram mais de 60 anos daquela foto, mas graças a Deus hoje eu ainda estou bem e com saúde”, disse o lúcido Pepe.

Já a instalação audiovisual no museu paulistano conta também com cenas das partidas, além de depoimentos dos campeões Bellini, Didi, Joel, Nilton Santos, Pelé e Vavá, sendo que a grande atração está mesmo no antigo túnel utilizado pelos jogadores no Pacaembu: a partida completa entre Brasil e Suécia, a final da Copa de 1958, vencida pela seleção por 5 a 2. O filme foi montado através da colagem da transmissão de diferentes tevês europeias, sendo mixado com as locuções de várias rádios brasileiras daquele histórico jogo.

“Nós víamos os jogos pelo rádio. Os locutores eram excepcionais: Waldir Amaral, Jorge Curi, Antonio Cordeiro, Oduvaldo Cozzi. E, no meio da semana, lá pela quarta-feira, podíamos ver lances das partidas no cinema! Sem falar nos jornais e revistas, que saíam poucas horas depois dos jogos e nos contavam o jogo inteiro, minuto a minuto”, relembra o escritor Ruy Castro.

Coincidência ou não, foi exatamente nesse cenário que nasceram duas marcas do auge do futebol brasileiro, uma delas sendo Pelé, um símbolo do Brasil, conhecido até por quem nem acompanha futebol. O outro, a crônica esportiva com descrição e crítica social, tendo Nelson Rodrigues como sua principal referência. As imagens e vídeos expostos agora referendam os mitos.

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