Quando Savio Messias Estevan, de 24, decidiu adotar Maria Isis, ganhou dois dias de licença no trabalho. Esse benefício trabalhista ainda é pouco comum: afinal, Maria Isis é uma cachorrinha, e o operador de caixa na rede de petshop Petz, um pai de pet.
O período afastado do trabalho é oferecido para que o tutor ajude na adaptação do animal ao novo lar, minimizando, ou até evitando, a possibilidade de estresse e até mesmo algumas doenças.
Estevan, que mora em Natal (RN), disse que, no período, buscou observar o comportamento da cachorrinha para adaptar o ambiente para ela. “Pude evitar algumas situações como o xixi no tapete e consegui determinar o território que ela poderia ficar”, explica.
Ele destaca ainda que o tempo possibilitou que se dedicasse à chegada de Maria Isis com o foco e os cuidados que ela merece.
“É nítido como foi essencial ter essa experiência de dois dias. Ela refletiu bastante na nossa adaptação.”
A licença foi criada pela Petz em 2021 e ganhou a adesão de outras empresas, com o intuito de incentivar a adoção responsável, promover o bem-estar animal e fortalecer as conexões entre pets e tutores. De acordo com a empresa, mais de 50 funcionários do grupo já usufruíram do benefício desde então.
Para a Vivo, que também aderiu à iniciativa em maio de 2021, a licença é uma forma de estender o cuidado e a atenção também para os animais dos nossos colaboradores, além de estimular a adoção. “Isso nos diferencia como marca para atração e retenção dos nossos talentos”, disse a empresa, por meio de comunicado.
A fabricante de alimentos para cães e gatos Royal Canin, que já vem concedendo uma folga a quem se torna tutor de um pet desde 2018, disse que o número de associados com pets aumentou bastante durante a pandemia.
“Desde 2020 tivemos um maior número de solicitações para o uso do benefício e continuamos incentivando a todos a utilizarem a licença, pois nosso desejo é o de que cada vez mais pessoas conheçam os incríveis benefícios que a interação humano-animal oferece”, explica Juliana Gonçalves, diretora de RH da Royal Canin Brasil.
Entre outras empresas que já aderiram ao projeto estão o Centro Veterinário Seres, Petlove, Great Place to Work e Petland.
Como funciona
Cada companhia possui o seu próprio regulamento. Mas o princípio é o mesmo: ao realizar a adoção de um cão ou gato, o trabalhador deve notificar o RH da empresa que aderiu à Licença PETernidade, apresentando as devidas documentações que comprovam a iniciativa — como certificado emitido pela ONG, por exemplo. Daí, poderá usufruir do tempo de licença para cuidar do pet.
“Diferentes de uma folga ou um prêmio, esses dias de ausência no trabalho vão possibilitar que o novo tutor se dedique à chegada do pet. O bem-estar do animal também reflete positivamente no bem-estar dos nossos colaboradores”, afirma Fernanda Fernandes, diretora de RH da Petz.