Santos, no litoral de São Paulo, é conhecida pelos prédios tortos da orla da praia, mas um levantamento feito pela prefeitura revelou que a situação é observada em outras partes da cidade. Ao todo, são 319 edifícios nessas condições, sendo que os 65 em frente às praias apresentam maior inclinação.
A análise foi realizada por técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações (Siedi) após solicitação apresentada à prefeitura pelo vereador José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PP), que inclusive já recebeu ofício com os dados coletados.
Zequinha demandou o Executivo após cobranças da população sobre o tema. “Precisamos saber o aumento do grau de inclinação a cada um ou dois anos, e se isso coloca os moradores em risco”.
De acordo com a prefeitura, apesar de os prédios estarem tortos, as condições atuais deles não indicam comprometimento das seguranças estruturais.
Ao g1, o engenheiro civil Franco Pagani afirmou que nenhum prédio inclinado na cidade apresenta risco de queda, mas explicou que edifícios estreitos e altos demandam maior atenção pois inclinam com mais facilidade, enquanto os grandes e retangulares afundam e não geram perigo.
Lei e laudos por segurança
A Prefeitura de Santos informou que, a cada dois anos, exige que os edifícios apresentem laudos sobre a inclinação dos prédios. O objetivo é acompanhar se aumentou, estacionou e se alguma intervenção deve ser feita.
A cobrança é feita com base na Lei Complementar 441 de 2001, que requer a apresentação de laudo de autovistoria técnica atestando as condições de segurança e estabilidade.
As medições são acompanhadas pelo Programa dos Prédios Inclinados de Santos. A avaliação da necessidade de obras de reparos ou de manutenção da edificação são analisadas pelo responsável técnico pelo laudo.
A prefeitura ressaltou que existem soluções técnicas e viáveis para resolver o problema da inclinação, mas é do condomínio a responsabilidade pela contratação de empresa especializada para execução das obras, enquanto o município fiscaliza.
Terreno é o problema
Segundo Pagani, os prédios foram ficando tortos por causa do tipo de terreno e falta de tecnologia na época das construções. “As construtoras daquela época não tinham equipamentos para fazer fundações diretas como hoje, [que] conseguem efetuar a escavação até [chegar] à parte de pedra no subsolo e [deixar] ficar firme”.
Olhar atento
O Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon) orienta aos síndicos e administradoras a seguirem as regras previstas na legislação da cidade, como a realização de manutenções e entrega de laudos.
“Tem que haver uma previsão [orçamentária] nisso para que o condomínio possa melhorar na parte estrutural e possa ter valorização patrimonial”, disse o presidente da entidade Rubens Moscatelli. Ele ressaltou que o Sicon não faz a fiscalização.