sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Leishmaniose visceral americana (lva)

A Leishmaniose visceral (LV) é uma infecção zoonótica que afeta animais e o ser humano, causada por um protozoário do gênero Leishmania sp transmitida por varias espécies de insetos vetores…

A Leishmaniose visceral (LV) é uma infecção zoonótica que afeta animais e o ser humano, causada por um protozoário do gênero Leishmania sp transmitida por varias espécies de insetos vetores conhecidos como flebotomíneos. É uma das seis doenças endêmicas mais importantes no mundo, dada a sua incidência, alta mortalidade em indivíduos não tratados e crianças desnutridas e emergentes em indivíduos portadores de infecção por HIV.

O agente transmissor envolvido com a transmissão da LVA é a Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como “mosca palha”.

O reservatório do parasito são animais mamíferos canídeos, sendo o principal reservatório da nossa região o cachorro. O papel do cão como reservatório da Leishmania tem papel principal na epidemiologia da LVA no Brasil.

Modo de transmissão:
A forma de transmissão no Brasil se dá pela picada do vetor (“mosquito palha”), em um cão contaminado pela Leishmania, contaminando assim o vetor, que pode picar outro cão ou ser humano transmitindo assim a Leishmaniose.

Período de incubação em humanos:
Varia de 10 dias a 24 meses, sendo em media de 2 a 4 meses.

Período de incubação em cães:
Varia de 3 a 7 meses, sendo que, em alguns casos, a doença pode ocorrer anos depois da infecção.

Período de transmissibilidade e infectividade:
O período de transmissibilidade ocorre enquanto persistir o parasitismo na pele ou no sangue dos animais infectados. Cabe ressaltar, que a infectividade de cães para o parasito (Leishmania) persiste mesmo após o restabelecimento clinico desses animais. Portanto até o momento não há nada que comprove que cão tratado deixe de ser reservatório. Uma vez infectado o cão será sempre reservatório/transmissor; tanto o cão sintomático (que apresenta sinais e sintomas) como o cão assintomático (que não apresenta sinais e sintomas).

Após a infecção inicial, observa-se, em indivíduos que não desenvolveram clinica, reatividade nos exames específicos para imunidade por longo período, apontando que o parasito ou alguns de seus antígenos permaneçam presentes no organismo.

Sinais e sintomas em humanos:
► Forma assintomática (sem sinais e sintomas): caracterizam-se por não apresentar nenhuma manifestação clínica da doença, somente diagnosticada quando da realização de inquéritos sorológicos em áreas de transmissão.

►Forma oligossintomatica (poucos sintomas): forma caracterizada pela presença de alguns sinais ou sintomas da doença tais como: febre, hepatomegalia (aumento do fígado), diarréia e anemia discreta. Estes sintomas podem persistir por cerca de três a seis meses, podendo evoluir para cura clinica espontânea ou para doença plenamente manifesta em cerca de dois a 15 meses.

►Forma clássica: é uma doença plenamente manifesta. Nesta forma, as manifestações clinicas são bastante exacerbadas, caracterizadas por hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço) volumosa, febre e comprometimento do estado geral, perda de peso progressiva, anorexia e astenia.

►Complicações: as causas de óbitos mais comuns são associadas a broncopneumonias, gastrenterites, septicemias e sangramentos graves, tais como: hemorragia digestiva, insuficiência cardíaca devido anemia grave, contribuindo para aumento da mortalidade.

Aspectos clínicos em cães: A enfermidade é de gravidade variável, consistindo de descamações, ulcera de pele, ceratoconjuntivite, coriza (nariz escorrendo), tristeza, emagrecimento, diarréia, hemorragia intestinal, vômito, aumento de linfonodo, queda excessiva de pêlos, crescimento exagerado das unhas entre outros. Existe a forma assintomática, nesta forma, os cães não apresentam sinais e sintomas clínicos, porem os exames sorológicos e parasitológicos são positivos e o cão não deixa de ser reservatório/transmissor.

Conclusão:
Nosso Município (Jales) é um município de transmissão canina e humana para Leishmaniose, portanto neste caso, como o cão é o principal reservatório, após Inquérito canino sorológico no municípios, todo cão positivo para Leishmaniose, tanto o sintomático como o assintomático deve ser realizada a eutanásia (sacrifício) deste cão, visto que o cão uma vez infectado sempre será transmissor. Junto com esta eutanásia dos cães infectados estará sendo feito o manejo ambiental que consiste na poda das arvores, eliminação de matéria orgânica do solo (erradicação de galinheiros e criação de porcos na zona urbana) e de vegetação em quintais e jardins (peridomicilio), terrenos baldios a fim de reduzir a quantidade de matéria orgânica e locais sombreados, que fornecem condições favoráveis para o estabelecimento de criadouros do vetor. Após a eutanásia dos cães positivos e do manejo ambiental, será realizado a borrifação que é o controle químico em áreas onde foram encontrados casos positivos para Leishmaniose chagasi em humanos; essa borrifação é diferente da realizada pela dengue, ela é feita casa a casa, passando o veneno dentro da casa, aplicando nas paredes com rolos, cada dupla de detetizadores conseguem fazer uma média de 3 a 4 casas por dia.

Para realização da eutanásia dos cães estamos embasados no Decreto Federal nº51.838 de 14 de Março de 1963, Art. 1º Art.2º e Art.3º. E pela Lei nº12.916 de 16 de abril de 2008 Art.2º.

Texto elaborado por: Gisele Lauer Murta – Enfª Vigilância Sanitária Municipal de Jales.
Referência bibliográfica: – Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana do Estado de São Paulo (Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado da Saúde – Superintendência de Controle de Endemias – Coordenadoria de Controle de Doenças).

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