Comemorando um ano neste mês de dezembro, uma lei já em vigor no Brasil exige que estudantes portadores de dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) recebam suporte de profissionais da saúde e da educação – o que deve começar o quanto antes. Dentro das especificações da lei está a determinação de que haja uma identificação precoce do retorno, com o encaminhamento do aluno para o diagnóstico e apoio educacional e terapêutico. A lei ainda prevê a capacitação de professores para identificar os sinais e acompanhar os estudantes de forma adequada.
“A responsabilidade do professor é identificar esses sinais e encaminhar a criança para o diagnóstico na rede de saúde, mas não para aí, porque essa criança vai continuar na escola. E a maior barreira e dificuldade que ela vai enfrentar é na escola. O primeiro passo é entender que o processo de alfabetização quando está bem estruturado vai ajudar a criança que tem dislexia. E pensando neste momento que vivemos, em que as crianças ficaram muito tempo dentro de casa por causa da pandemia também vai ajudar todas as crianças. A gente está com deficit na alfabetização. Então, estratégias que favoreçam a estimulação da leitura, o reconhecimento de letras e associação entre as letras e os sons de maneira explícita e sistemática vai fazer com que a criança com dislexia tenha um melhor capacidade de ser alfabetizada”, defende Juliana Amorina, presidente do Instituto ABCD.
Para a especialista, além do ensino básico, ler e escrever, é importante que os país invistam em outras áreas que as crianças gostem, de forma a fortalecer a autoestima e facilitar a comunicação futura.
Segundo Amorina é possível notar a situação desde a fase em que a criança está aprendendo a escrever: “Quando a criança está na pré-escola, aprender a escrever o nome é algo que traz alegria para essa criança, porque todas as crianças estão na mesma faixa etária. E elas são aprendizes interativos, a gente diz. Se uma vê um colega fazendo, também tem vontade de executar a mesma atividade. Esse é um sinal. Outra dificuldade frequente em crianças com dislexia é a dificuldade de aprender sequências, que podem ser sequências musicais, dificuldade em aprender aquela música utilizada para facilitar a rotina, música para a alimentação, durante a entrada e saída da escola. São crianças que vão ter dificuldades em aprender esses padrões, essas sequências, essas rimas, quando todos os outros colegas que, dentro de uma sala de aula com outras crianças com características muito homogêneas, porque frequentam o mesmo bairro, têm a mesma condição socioeconômica, elas estão com o mesmo professor, enquanto todas as crianças que têm características similares estão avançando, aquela outra criança que é inteligente, que tem potencial de aprender, não está conseguindo. Então, isso deve chamar a atenção dos pais”, diz.