A Justiça Federal no Mato Grosso deve receber ainda nesta sexta-feira o relatório parcial da Polícia Federal que trata das investigações sobre a compra de dossiê contra políticos tucanos.
O documento tem quase 700 páginas além dos apensos, que incluem os registros das quebras de sigilo bancário e telefônico dos envolvidos. Junto com o relatório, o delegado da PF Diógenes Curado Filho vai encaminhar pedido de prorrogação do prazo do inquérito por mais 30 dias.
A principal meta da PF é descobrir a origem de aproximadamente R$ 1,7 milhão que seria usado por petistas e ex-funcionários da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição para comprar informações do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin contra políticos do PSDB. Vedoin é dono da Planam e é acusado de ser um dos operadores do esquema de fraudes envolvendo ambulâncias.
Uma das linhas de investigação da PF é que parte do R$ 1,7 milhão teria vindo do jogo do bicho, já que grande quantidade do dinheiro é formada por notas de pequeno valor, separadas em montes de 100 notas de R$ 10. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, confirmou que há indícios de que R$ 5 mil teriam vindo da contravenção.
Os dólares apreendidos com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha – US$ 248 mil – já têm parte do rastreamento conhecido pela PF. O dinheiro veio do Banco Central americano para o banco Sofisa, em São Paulo, e, de lá, passou para 20 casas de câmbio e doleiros, além de pessoas físicas e empresas.
A principal dificuldade na identificação do autor dos saques dos dólares que seriam usados para a compra do dossiê é o fato de haver muitas movimentações, grande parte delas em nome de “laranjas” ou de pessoas fantasmas (inseridas no sistema bancário com dados falsos). As operações feitas com doleiros, na maioria das vezes, são ilegais, fator que dificulta mais ainda o rastreamento do dinheiro.