Aconteceu na última segunda-feira (22), em Araçatuba, mais uma audiência do julgamento de Érica Patrícia Cruz, de 33 anos, e o marido dela, Aparecido Dias Barboza, de 62 anos, acusados de serem mandantes do homicídio do médico oftalmologista Hedilon Basílio Silveira Junior, em junho do ano passado, que culminou também na acusação de duas tentativas de homicídio contra pessoas que estavam com a vítima no momento do crime.
Nos trabalhos, foram ouvidas duas testemunhas de acusação, um administrador da fazenda onde ocorreu o crime e um policial militar de Auriflama, que atendeu a ocorrência.
O casal, segundo a acusação, teria contratado Alessandro Pires Matheus, de 27 anos, e Julio César Queiroz Monteiro, 29 anos, também presentes na audiência, para matar o médico. Todos foram indiciados por homicídio qualificado e duas tentativas de homicídio. Mateus, acusado de efetuar os disparos com uma espingarda, confessou em depoimento que foi procurado pelo casal dias antes do assassinato e que teria recebido R$ 3 mil. Já Monteiro negou sua participação, mas seria o responsável de ameaçar as vítimas com um revólver.
Na ação que culminou na morte de Hedilon, três testemunhas sobreviveram. São elas: o soldador Carlos Alberto Oliveira, 42, que foi fazer um serviço na propriedade rural, o caseiro Luciano Gonçalves Leite, 36, e o amigo do médico, Francisco da Rocha, 71, que acompanhava Hedilon quando ele chegou ao sítio arrendado de Barbosa, que foram feitos reféns na fuga. Os dois últimos, segundo a acusação, foram jogados de uma ponte. Já o soldador, conseguiu enganar um bandido e fugir com a caminhonete do médico, buscando ajuda na base da Polícia Rodoviária.
Depoimento
O policial militar A.A.P. prestou depoimento na presença dos réus e do advogado de defesa do casal Ivan Rafael Bueno. Em seu depoimento, o policial disse que tomou conhecimento via rádio, que na base da Polícia Rodoviária de General Salgado, havia chegado uma pessoa em uma caminhonete (o soldador) levando um homem morto na carroceria (Dr. Hedilon). Logo depois, foi acionado a comparecer a uma fazenda, próximo ao Córrego das Cruzes, onde uma vítima havia sido jogado de cima da ponte e pediu socorro na propriedade rural.
No local, um homem, senhor de idade (Francisco da Rocha), disse que foi com o médico até a propriedade rural dele, em General Salgado, para ver uns cavalos, e ao chegar, viu que o caseiro da propriedade já havia sido rendido, e escutou tiros depois. Em seguida, foi colocado em um veículo, em companhia do caseiro, sendo ambos levados até o córrego, de onde foram jogados no rio, que segundo o depoente, era raso.
Defesa
Segundo o advogado Ivan Rafael Bueno, após o depoimento do policial, “tudo indica que haverá uma desclassificação da tentativa de homicídio (das vítimas que caíram da ponte) para o crime de perigo a vida ou saúde de outrem previsto no art. 132 do Código Penal”. Segundo o advogado, o policial disse que a vítima (Rocha) caiu no rio e saiu andando, então, não sofreu risco de morrer afogada. “Como o rio era raso e as próprias vítimas disseram que caíram e levantaram, não há como enquadrar como tentativa de homicídio”. A próxima audiência sobre o caso será em Ribeirão Preto, e depois, a juíza responsável agendará o júri popular, que será em General Salgado.
Jociano Garofolo/A Cidade