terça, 19 de novembro de 2024
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Justiça manda deputado estadual retirar posts contra padre

A Justiça Eleitoral determinou a remoção das publicações nas redes sociais de Arthur do Val (Patriota), candidato à Prefeitura de São Paulo, nas quais ele critica o padre Júlio Lancellotti,…

A Justiça Eleitoral determinou a remoção das publicações nas redes sociais de Arthur do Val (Patriota), candidato à Prefeitura de São Paulo, nas quais ele critica o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo. Conhecido pelo apelido Mamãe Falei, o candidato publicou vídeos em suas redes sociais chamando o padre de “cafetão da miséria”.

Na decisão, publicada nesta quinta (1º), o juiz afirma que Arthur do Val “calunia, difama e injuria o padre Júlio Renato Lancelloti” com o objetivo de “tornar-se mais conhecido do eleitorado” quando ainda não era permitida a propaganda eleitoral. A liminar concedida pelo juiz eleitoral Emílio Migliano Neto, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, atende a uma representação do Ministério Público Eleitoral do Estado de São Paulo contra o político e as plataformas Facebook e Google.

Google e Facebook foram intimados pelo juiz a remover oito postagens em até 24 horas, sob pena de multa diária, das plataformas YouTube, Instagram e Facebook. Em nota, o Facebook informou que cumprirá a ordem judicial.

O juiz também determinou que Arthur do Val se abstenha de divulgar novamente os conteúdos críticos ao padre Júlio em suas redes sociais, também sob pena de multa diária em caso de descumprimento.

Na decisão, o juiz afirma ainda que “os termos utilizados” por Arthur do Val em suas manifestações “ultrapassam a mera crítica política, apropriada ao debate eleitoral saudável”.

Em nota, o advogado do deputado classificou a determinação como “censura”, fez ofensas ao padre e disse que irá recorrer.

“É claramente um ato de censura. Existe um lobby absurdo que não permite falar sobre a farra que acontece na Cracolândia e essa farsa que é o Júlio Lancellotti. É lastimável ver um órgão tão respeitado como o MP – e, pior, com o judiciário – prestar este desserviço em prol de uma conduta que mantém cidadãos reféns do vício e do tráfico. Iremos recorrer da decisão. Nenhuma censura será tolerada.”

O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Google e aguarda retorno.

Em seus posts, o youtuber e integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) também criticou ONGs e setores da igreja que atuam na região da Cracolândia. Lancellotti afirma ser alvo de uma campanha de difamação vinda do deputado estadual e registrou boletim de ocorrência por ameaça. O político nega (leia mais abaixo).

Em vídeo publicado em sua conta no Twitter, Lancellotti não cita diretamente o nome do político, mas diz que as ameaças aumentaram após ataques do candidato.

“Estava aqui na praça com os irmãos de rua e passou uma moto por aqui e o cara falou: ‘padre filho da puta que defende noia [usuário de droga]’. Depois dos ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Então quero deixar claro, se me acontecer alguma coisa, se eu for atingido por alguém vocês sabem de quem é a culpa, de quem cobrar”, disse o padre.

Após a publicação do vídeo, entidades e personalidades saíram em defesa de Lancellotti e o assunto ficou entre os mais comentados do país no Twitter.

“O que o Padre Lancellotti faz é deplorável. A Igreja Católica tem uma linda histórica e não pode ficar a mercê de um cafetão da miséria. Vou desmascarar esse padre”, escreveu Arthur do Val.

Arthur do Val nega ameaças
Após a repercussão nas redes sociais, o deputado voltou a chamar o padre de “cafetão da miséria”, mas negou que tenha ameaçado ou incentivado que outros ameaçassem o religioso.

“O padre Júlio Lancellotti soltou um vídeo falando que eu estou o ameaçando, que eu estou incentivando as pessoas a fazerem violência contra ele. (…) Não tem ‘algum candidato à prefeitura’, tem eu, Arthur do Val, que estou questionando tudo aquilo que o senhor faz e mantém as pessoas na miséria. (…) Eu não estou [ameaçando]. É mentira. Eu duvido você achar um vídeo meu, uma postagem minha sequer, ameaçando o padre de fazer alguma coisa, alguma violência contra ele ou incentivando que outras pessoas o faça”, disse em outro vídeo publicado nas redes sociais.

Arthur do Val afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que nunca incitou “nenhum tipo de violência contra ele” e que repudia quem o fizer.

“O caminho para antagoniza-lo é o do debate público. Reitero o que disse antes, ele é um cafetão da miséria. Apoiador de movimentos que invadem propriedade privada. Muito em breve eu vou desmascará-lo”, disse a assessoria.

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