segunda, 18 de novembro de 2024
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Justiça libera 9, mas mantém Colassiol e Bertão na cadeia

Após a conclusão de mais uma etapa da “Operação QI”, Polícia Civil e GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), de Ribeirão Preto, confirmam que o grupo…

Após a conclusão de mais uma etapa da “Operação QI”, Polícia Civil e GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), de Ribeirão Preto, confirmam que o grupo supostamente chefiado, até o momento, pelos “cabeças” do esquema, Marlene Aparecida Galiaso, vereadora de Pradópolis/SP, seu filho, Rafael Galiaso, e Marta Colassiol, de Fernandópolis, fraudou, ao todo, 35 licitações e 27 concursos públicos em pelo menos 40 cidades no interior de São Paulo e também no Estado de Goiás.

Vinte e nove pessoas foram indiciadas, sendo que 15 delas permaneciam detidas até sexta-feira (21). Dos presos, 9 foram liberados pela Justiça nesta sexta-feira. Um empresário continua foragido. Já são mais de cinco meses de investigações, e após dois meses detidas, a psicóloga e empresária fernandopolense, Marta Colassiol, e sua secretária, Mônica Bertão, também de Fernandópolis e apontada como “sócia” de Colassiol na empresa Persona Capacitação, foram mantidas presas.

Com a dupla, também continuam atrás das grades Marlene Galiaso, Rafael Galiaso, Fernando Aparecido Simão e Fernando Pereira Bromonschenkel. O esquema movimentou ao menos R$ 2,5 milhões em contratos, somente entre 2014 e 2015, mas o valor deve ser maior, segundo o delegado Gustavo André Alves, do setor de Inteligência da Seccional de Polícia de Ribeirão Preto.

QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO

Informações do Banco Central, após a Justiça decretar a quebra do sigilo bancário dos indiciados, ainda estão sendo analisadas. Em relação às licitações, as investigações comprovaram que o grupo fraudou documentos em 7 municípios, um na região de Fernandópolis. Entretanto, há provas suficientes para apontar outros 17 certames fraudados em 8 cidades, sendo 3 da região.

Sobre adulteração de concurso públicos e processos seletivos, a Polícia Civil encontrou indícios em 24 municípios, 5 deles da região. Os municípios não terão os nomes divulgados até que os períodos em que foram observados atos ilícitos sejam confirmados, bem como as gestões dos referidos prefeitos responsáveis pelos crimes cometidos. O delegado Gustavo André Alves não descarta que prefeitos sejam indiciados em nova etapa de apurações.

DAS FRAUDES

Segundo Dr. Alves, os gabaritos de concursos e processos seletivos eram adulterados após a realização das provas, para que pessoas indicadas pelas Prefeituras, Câmaras ou pelos próprios “cabeças” do esquema criminoso, fossem favorecidas.Alves explica que o grupo tinha duas formas de agir.

Uma, em que as Prefeituras não tinham esse contato para pedir aprovação de determinados candidatos, e o próprio grupo vendia as vagas. E outra, em que as Prefeituras e Câmaras queriam aprovação de determinados candidatos, então o grupo atendia às solicitações. Ainda de acordo com o delegado, integrantes da quadrilha também prestavam as provas já sabendo as respostas, com o intuito de obter boa pontuação e figurar entre as primeiras colocações no resultado final.

Em alguns casos, ao serem convocados, os falsos candidatos – com melhor pontuação nos concursos e processos seletivos – desistiam de suas vagas. Foram encontrados envelopes contendo gabaritos em branco em seu interior, mas assinados no verso por determinados candidatos, “e com uma caneta dentro desses envelopes, o que corroborou com tudo o que a gente tinha identificado antes, que era a sistemática adotada”, salienta Alves.

O grupo destruía as provas para que as fraudes não fossem descobertas. Os materiais eram queimados ou fragmentos após a realização dos concursos. Os responsáveis pelas fraudes recebiam cerca de R$ 3 mil por processo seletivo adulterado e R$ 5 mil no caso de concursos. Quando o esquema envolvia cargos de alto escalão, como procurador jurídico, o que supostamente ocorreu em Jaboticabal/SP, o valor chegava a R$ 35 mil.

Cada interessado desembolsava de R$ 3 mil a R$ 35 mil para conseguir uma vaga no setor público. Os suspeitos devem responder criminalmente por fraude em concursos e à Lei de Licitação, falsidade ideológica (falsificação de documentos públicos e privados), organização criminosa, corrupção ativa e passiva e crime contra a administração pública.

DELAÇÃO PREMIADA

A Reportagem de “O Extra. net” confirmou que já foram registradas “delações premiadas”, no entanto, estas ainda não foram homologadas pela Justiça. As investigações prosseguem sem prazo determinado, e novas denúncias e outros crimes podem surgir.

Até mesmo a deflagração de uma nova operação, complementar ou independente da QI, não está descartada pelas autoridades.

João Leonel-O Extra.net

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