Um rapaz com habilitação apenas para dirigir carros de passeio se inscreveu em uma autoescola em Tapurah, norte de Mato Grosso, para mudar a categoria da carteira e poder dirigir micro-ônibus e caminhões.
Antes da prova, ele procurou Eduardo Barra Rodrigues, gerente da autoescola, dizendo que queria ser liberado do exame de direção. O que o gerente não sabia era que o suposto aluno era um informante da polícia.
Informante: Não vou fazer não. Eu não posso. Tô com medo de eu errar esse negócio aí. Quanto o senhor acha que dá pra fazer aí?
Gerente: Vou ter que liga pro cara ali.
Eduardo se afastou um pouco para falar ao telefone, segundo a polícia, com um servidor do Detran.
Gerente: Isso ai vai ficar nuns dois mil real, pode ser?
Informante: Dois mil?
Gerente: Aí não precisa de você fazer nada.
O dinheiro foi depositado em uma conta indicada por Eduardo, como mostra este comprovante da agencia bancária. A conta é da neta de Eduardo. Tudo indica que esse dinheiro é dividido entre o dono da autoescola e os examinadores que atestam a aprovação irregular”, explica o delegado Luís Henrique de Oliveira.
Para mudar a categoria da carteira a lei determina que o candidato deva fazer 15 horas de aula prática e depois seja submetido ao teste de direção num percurso pré determinado acompanhado de perto pelo examinador do Detran.
Dias depois, o Detran emitiu o documento: os examinadores atestaram que o rapaz estava aprovado. “Estaria habilitado a conduzir caminhões, transportar cargas. Isso em autoestrada, rodovias, é um risco muito grande, uma irresponsabilidade” afirma o delegado. Com base nas gravações, a Justiça decretou a prisão dos donos da autoescola, de um instrutor e dos dois examinadores.