sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Justiça dá prazo para plano emergencial na Usina de Água Vermelha

Quem circula pelas margens do rio Grande e seus afluentes na região já percebeu que os mexilhões já dominam grande parte dos espaços e dificultam, inclusive, o acesso das pessoas…

Quem circula pelas margens do rio Grande e seus afluentes na região já percebeu que os mexilhões já dominam grande parte dos espaços e dificultam, inclusive, o acesso das pessoas aos lagos, pois as conchas cortam os pés e machucam profundamente a pele.

Mas não é apenas esse o risco do molusco, que traz muitos prejuízos para a economia da região. A Justiça Federal de São Paulo deu um prazo até o final de outubro para que a AES-Tietê, responsável pela usina hidrelétrica de Água Vermelha, apresente um plano emergencial para combater a proliferação do mexilhão dourado. O molusco não serve para o consumo humano e virou uma dor de cabeça para quem trabalha às margens do rio Grande, na região noroeste paulista.

O molusco foi trazido ao Brasil por navios cargueiros vindos da China e do sudoeste da Ásia. Como gruda nos cascos das embarcações, foi transportado com facilidade. O mexilhão dourado não tem inimigos naturais e como tem uma grande capacidade de incrustação e rápida taxa de reprodução, forma colônias que chegam a agrupar 40 mil por metro quadrado. “Nós já sabemos que o pico de reprodução dele é agora entre outubro e dezembro, que uma fêmea produz milhares de ovos, mas, como controlá-los? Essa é a chave da questão que infelizmente os biólogos e pesquisadores ainda não têm”, comenta o biólogo Arif Cais.

Para criadores de tilápia do local, o cuidado tem que ser diário: eles grudam nas redes dos tanques e atrapalham o crescimento e o desenvolvimento dos peixes. “A sujeira não sai e principalmente a água com gás carbônico, que fica dentro de tanque e a água com o oxigênio fora do tanque. Não há essa troca de água e o peixe morre”, explica o veterinário Luiz Antônio Borges. Por causa da proliferação desordenada e pelos danos que traz ao ecossistema, a procuradoria da república protocolou ação civil pública contra a concessionária responsável pela usina hidrelétrica da região.

A justiça acatou e agora quer que a AES-Tietê e o Ibama adotem medidas emergenciais contra a proliferação do molusco. “O fato é que, com a omissão existente há anos, o mexilhão se proliferou. Mas, agora com a decisão judicial que obriga, de fato, a uma postura mais ativa dos órgãos ambientais, nós teremos um controle, ou pelo menos uma tentativa, de minimizar os prejuízos enormes já causados pelo mexilhão”, explica o procurador Thiago Lacerda Nobre.

A multa para o descumprimento é de R$ 1 mil por dia. Em nota, a AES-Tietê informou que irá recorrer da decisão e que realiza trabalhos preventivos de limpeza.

Jornal O Extra

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