terça-feira, 24 de setembro de 2024
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Júri é adiado por 2 meses após advogado se negar a usar máscara

O julgamento do empresário Antônio Azevedo dos Santos, acusado de matar o namorado da ex-companheira, Guilherme Elias Veisac, teve que ser remarcado para o dia 17 de novembro, segundo a…

O julgamento do empresário Antônio Azevedo dos Santos, acusado de matar o namorado da ex-companheira, Guilherme Elias Veisac, teve que ser remarcado para o dia 17 de novembro, segundo a assessoria do Fórum Lafayette. A sessão começou por volta das 10h desta quinta-feira (10) e foi interrompida menos de uma hora depois, quando a ex-mulher do réu ia começar a depor.

O crime aconteceu no dia 18 de setembro de 2016, no bairro Jardim Atlântico, na Região da Pampulha. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, por volta das 4h30, o empresário invadiu o apartamento da ex-companheira enquanto ela e Guilherme dormiam. A vítima foi morta com um tiro na região do tórax.

Segundo a Justiça, o motivo principal do adiamento em mais de dois meses do júri foi que o advogado de defesa do réu, Ércio Quaresma, se recusou a usar a máscara durante a sessão e não estava respeitando o distanciamento, mesmo sendo citada a portaria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que prevê o uso do acessório de proteção nas dependências do fórum. “Todos são iguais perante a Lei”, destacou o juiz ao decidir pela remarcação.

“Não consigo falar uma hora e meia usando máscara”, disse Ércio Quaresma ao G1. Ele também citou o fato de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aparecer em público sem o acessório.

Mas ele argumentou que o adiamento não se deu por esse motivo. “O adiamento se deu porque algum inconsequente mandou para o fórum um preso sadio junto com outro com Covid-19”, disse.

Porém, o TJMG diz que esse foi um motivo secundário para o adiamento. E que a remarcação do júri já estava sendo discutida por causa da desobediência de Ércio Quaresma quando surgiu a informação do preso infectado.

“O juiz do 1º Tribunal do Júri suspendeu a sessão de julgamento no momento em que a namorada da vítima seria ouvida porque o advogado Ércio Quaresma se recusou a permanecer de máscara, o que causou constrangimento e insegurança no conselho de jurados”, reiterou o Fórum.

Após o juiz decidir remarcar o julgamento, o advogado de defesa Ércio Quaresma pediu a transformação da prisão preventiva do acusado em domiciliar. O juiz ainda vai decidir sobre o pedido.

A aposentada Marli Elias Veisac, mãe da vítima, se mostrou resignada com o adiamento: “Está tudo na mão de Deus. Tudo do jeito que pode ser. Ninguém estava esperando isso e aconteceu. Claro que a gente queria que terminasse hoje, mas não foi possível”.

A família descreve Guilherme como um “cara de paz”.

“É uma ferida que não fecha. Que o Antônio se sensibilize e caia na real. Violência só traz tristeza, infelicidade, muito choro e muita escuridão. E a gente quer luz, o Guilherme é luz”, destacou a tecnóloga Denise Magalhães, tia e madrinha de Guilherme.

Segundo a família, ele namorava a ex-companheira do réu havia poucos meses quando foi assassinado.

Relembre o crime
O crime aconteceu há quase quatro anos. A vítima namorava a ex-companheira do réu, que não aceitava o fim de do relacionamento.

De acordo com as investigações, o réu monitorava as câmeras de segurança do prédio da ex-mulher por meio do celular. Ele foi síndico quando era casado e por isso tinha acesso às imagens do circuito interno de TV. O acusado teria se aproveitado dessas informações para vigiar a ex-mulher.

No dia 18 de setembro, ele a teria visto entrando no prédio com o namorado por meio das câmeras. Segundo a polícia, o suspeito desligou o sistema de segurança, cortou a tela de proteção da área privativa que dá acesso ao apartamento da ex-mulher e surpreendeu o casal.

Na época do crime, o empresário teve a prisão decretada pela Justiça. Em 30 de setembro de 2016, ele chegou a se apresentar à polícia, mas não foi preso por causa da legislação eleitoral e depois não foi encontrado.

Em 16 de agosto de 2017, ele foi localizado em uma agência bancária da Região Oeste e foi detido. Atualmente, segundo a Justiça, o réu segue preso.

Advogado do réu não espera absolvição
Antes de a sessão começar, o advogado de Antônio, Ércio Quaresma, havia dito ao G1 que o cliente confessou o crime na fase de inquérito e, no julgamento, não espera absolvição.

“Não há de se falar em absolvição nesse processo. Ele merece condenação. O que nós discutimos, reitero, é o balizamento dessa condenação. Entendemos que esse caso reclama condenação. O que temos que apresentar ao conselho de sentença é se um homicídio qualificado ou simples. Essa é a dicotomia, essa é a discussão que será levada para os jurados”, afirmou.

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