Miguel Neto, seu irmão Lucas, de Mirassol, e Ivan Maia, de Rio Preto, os jovens que realizaram a filmagem e publicaram via WhatssApp o vídeo no qual jogam uma bomba em direção ao Plantão Policial de Fernandópolis, prestaram depoimento nesta terça-feira (21), na Delegacia de Investigações Gerais local.
O trio estava acompanhado do advogado Percival Stefani Brachini de Oliveira. vídeo “bombou” nas redes sociais, ganhou repercussão nacional via internet e também na TV, atingindo em cheio a vida dos jovens e de suas famílias. A reportagem de “O Extra. net” esteve pessoalmente com os três e o advogado na sede da DIG, quando concederam uma entrevista exclusiva e refutaram que tenham cometido um “atentado”. “Meus clientes não conhecem muitas pessoas em Fernandópolis, possuem contato com um pequeno grupo de amigos que residem na cidade e estão arrependidos. Após um primeiro contato com as autoridades policiais daqui, mesmo sem intimação formal, eles resolveram procurar a DIG para demonstrar que estão dispostos a assumir as consequências e responsabilidades do ato que cometeram”, disse dr. Percival Brachini.
O delegado Gerson Donizete Piva, titular da DIG, confirmou que o artigo no qual enquadrou os jovens é o 251 do Código Penal − expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos. A pena para este crime vai de 3 a 6 anos de prisão, além de multa. Confira a entrevista com os jovens:
EXTRA: Três jovens que trabalham, estudam, não têm antecedentes criminais, de repente cometem um ato como esse. Qual a análise desse fato que gostariam de passar para a sociedade e também para a instituição Polícia Civil de Fernandópolis?
RESPOSTA: Primeiramente, nada foi premeditado, não houve incitação ao crime, ou apologia do mesmo, muito menos associação criminosa e/ou formação de quadrilha. Foi um ato totalmente impensado, sem medir consequências, ou seja, uma brincadeira que, para nós, seria mais uma entre outras comuns. Somos pessoas de bem, trabalhamos, estudamos, não temos antecedentes criminais, não temos qualquer dívida com autarquias, Justiça, ou qualquer outra autoridade.
EXTRA: O que imaginavam quando tomaram a iniciativa, e mesmo antes, quando pensaram em jogar a bomba contra o prédio do Plantão Policial?
R: Não atiramos a bomba contra o Plantão Policial, ou a Delegacia, foi próximo do mesmo. A bomba explodiu na rua em que fica situada a Delegacia. Se fosse qualquer outro estabelecimento situado no local, a bomba teria explodido na rua de outro estabelecimento, tanto que a Delegacia não está em um local isolado.
EXTRA: Como estão seus familiares?
R: Nossos familiares estão decepcionados, ainda não acreditam em nossa atitude infantil, porém, vista e interpretada pela imprensa e jornais da cidade e região, até mesmo em nível nacional, como crime premeditado. Mencionamos mais uma vez, nunca cometemos qualquer tipo de crime, e não temos antecedentes criminais, somos pessoas de bem, pessoas que trabalham, cumprimos nossos deveres como qualquer outro cidadão.
EXTRA: Como estão cada um de vocês em seus respectivos ambientes de trabalho e de estudo?
R: Estamos chocados, assustados com a repercussão e propagação gigantesca, de nível nacional, e que para nós são desnecessárias em se tratando de uma “bombinha de festa junina” (a bomba que arremessaram é a de nº 04, alegaram). No ambiente de trabalho, todos comentando, querendo saber, perguntando. Na faculdade também, a mesma situação. Fomos expostos de uma maneira, diríamos, distorcida, mal explicada.
EXTRA: Temem ser punidos com um período de prisão?
R: Tememos sim ser presos, pois existem leis, artigos, todo um conjunto que pode nos qualificar como “criminosos” por um ato infantil, mal interpretado pela força sensacionalista da imprensa.
EXTRA: Possuem alguma inimizade com algum policial, ou com alguma delegada de Fernandópolis?
R:: Não possuímos nenhuma inimizade com policial, delegado ou delegada de Fernandópolis e com nenhuma outra autoridade de nenhum outro município do país. Nunca fomos para outro país também, não existe nenhum problema de autoridades contra nós, nunca processamos alguém por algo, nem entidade financeira ou coisa do tipo.
EXTRA: A repercussão deste caso foi maior do que esperavam? E ainda sobre a repercussão: o que queriam quando expuseram o vídeo em rede social?
R: Na verdade não esperávamos por repercussão alguma, de nenhum nível acima de nós mesmos, amigos restritos. Quando compartilhado o vídeo em um grupo fechado (a amigos restritos no WhatsApp) era para mostrar a explosão da bomba e não onde, o lugar onde estava explodindo. Coisa de momento, um deslize, aconteceu a besteira, esse foi nosso erro. Não soubemos nos segurar, não impomos limites e estamos pagando por isso, mesmo que por enquanto seja só na mídia, mas estamos sofrendo as consequências e estamos muito arrependidos.
EXTRA: Como se sentem neste momento?
R: Estamos muito arrependidos, assustados com a maneira como estamos aparecendo na mídia, temos medo sim da lei e o que vamos sofrer com isso. Pedimos desculpas por essa “brincadeira” impensada, não saímos por aí explodindo estabelecimentos de ninguém. Não tivemos, nem temos a intenção de ofender, insultar, confrontar qualquer autoridade nos seus diversos níveis e cargos.
João Leonel-Jornal O Extra