Os jovens estão ouvindo música em alto volume nos fones de ouvidos de dispositivos móveis, como tocadores de música digital e smartphones.
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) e pela PROTESTE Associação de Consumidores, em São Paulo, constatou que, em um grupo de 68 alunos, somente 14 ouviam música com volume menor do que 85 dB, considerado seguro para a audição.
A média foi 92 dB, com pico de 109 dB. Uma furadeira pneumática, por exemplo, emite sons entre 100 dB e 105 dB. Uma avenida movimentada tem, em média, ruído de 85 dB.
Além disso, 21 destes jovens afirmaram ouvir música de duas a quatro horas diárias, tempo considerado excessivo para uso dos fones. Os alunos que participaram espontaneamente do estudo têm, em média 15 anos (de 11 a 18 anos). Estudam no Colégio Marista Arquidiocesano ou no Colégio Dante Alighieri.
Os resultados do levantamento foram enviados pela SBO e PROTESTE a autoridades do Ministério da Educação, e das Secretarias de Educação paulistana e carioca, bem como às Secretarias Estaduais de Educação de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Paulo Roberto Lazarini, presidente da SBO e diretor do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo, diz que o aparente descuido dos jovens com a saúde auditiva é mais norma do que exceção no Brasil, em todas as faixas etárias.”As pessoas só vão ao otorrino quando estão com infecções, dores de ouvido ou perdas auditivas graves. Também costumam ver televisão, ouvir música em volumes muito elevados, o que, em algum momento de suas vidas, causará problemas sérios à audição.”
Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE, defendeu normas de segurança mais rígidas para o uso destes aparelhos e fones. “É urgente que sejam definidos limites de volume para estes dispositivos móveis, e que os pais ou outros responsáveis conversem com as crianças e jovens para destacar os riscos de perdas auditivas provocadas pelo som alto”, adverte.
A PROTESTE e SBO elogiaram o apoio recebido dos dois colégios paulistanos e dos alunos, que contribuíram para a qualidade dos dados obtidos. “Mudanças só ocorrem quando há conhecimento das situações adversas e participação da população”, ressaltou Maria Inês Dolci.
“Foi positivo, também, constatar que 38 dos consultados indicaram preocupação com a audição. Isso é um bom começo para transformar hábitos que coloquem a saúde auditiva em risco”, destacou Paulo Roberto Lazarini. Seria fundamental, contudo, que, nesse faixa etária, os jovens fossem orientados a cuidar melhor da saúde auditiva, observou o especialista.