Nem um bom roteirista de filmes conseguiria criar um enredo parecido com a carreira futebolística de Johnathan Aparecido da Silva Vilela, ídolo na Coréia do Sul e na China, onde joga atualmente. Ele nasceu em Fernandópolis, filho de Tânia Cristina da Silva e Agnaldo Vilela dos Santos.
Passou parte da infância em Carneirinho-MG e, aos 9 anos, veio para Jales com o pai. Aqui jogou nas categorias de base tendo como treinadores Porquinho, Ize, Serjão, Zé Bulacha, entre outros. Em 2007, a convite de um taxista de São Paulo que nem o conhecia, recebeu convite para fazer um teste no Goiás, onde o filho dele jogara. Foi, treinou e agradou, tendo integrado à equipe que chegou às quartas de final da Copa São Paulo de Futebol Junior, em 2009. No time de cima, o Goiás tinha craques do nível de Iarley e Fernandão, que foram campeões mundiais pelo Internacional. Depois de quatro anos no Goiás, o próximo destino foi a França.
Retornou ao Brasil em 2010 e foi requisitado pelo Central de Caruaru, tornando-se vice-artilheiro do campeonato pernambucano, o que lhe valeu convite para jogar na Coréia do Sul. Foi para aquele país asiático sozinho, enfrentando a barreira do idioma e, segundo conta, sentiu muita falta da família e dos amigos. Ficou dois anos na Coréia e lá fez o que sabe: gols, 14 no primeiro ano e 26 no segundo, retornando para o Brasil, passando três meses no Sport de Recife.
Um convite para jogar no maior time da Coréia do Sul, o Suwon Samsung Bluewings mudou completamente sua vida, como ele admite. Eis a síntese da entrevista concedida na redação do Jornal de Jales.
J.J. – Você jogou quantas temporadas no Suwon Samsung Bluewings?
Johnathan – Joguei duas temporadas e meia. Eu cheguei lá já no meio da temporada em 2016, consegui fazer 10 gols. Em 2017 foi o ano em que eu arrebentei, fui o artilheiro do campeonato, melhor jogador, ganhei todos os troféus individuais, porém a nossa equipe não foi a campeã, mas conseguimos nos classificar para a Champions League da Ásia.
J.J. – Quando surgiu a oportunidade de ir para a China, qual foi a sua reação?
Johnathan – Eu já estava adaptado na Coreia do Sul, a cultura é um pouco parecida. Porém, o campeonato chinês é mais forte, tinha mais estrelas internacionais como Tevez, Hulk, Oscar, Alexandre Pato, Vagner Love, Jô, Lavezzi, Mascherano. A China foi um lugar onde sempre sonhei em jogar com grandes jogadores ou contra eles. Olhando pelo lado financeiro, era uma oportunidade que eu não poderia deixar de agarrar.
J.J. – Há quantos anos você está na China?
Johnathan – Estou há três temporadas na China, ainda tenho mais dois anos de contrato e espero viver feliz esses dois próximos anos.
Minha família já se adaptou na cidade onde moramos, próxima a Pequim, que tem 15 milhões de habitantes. Minha esposa Daiane Menezes está comigo na China, é jalesense, nutricionista, mas infelizmente tive que “aposenta-la” da profissão para poder me acompanhar fora do país.
J.J. – É verdade que o governo chinês banca toda a estrutura do futebol visando transformar aquele país em uma potência mundial?
Johnathan – Realmente o governo chinês estimula muito as empresas privadas a patrocinar as equipes. Tanto é que os últimos 10 anos, muito jogadores de alto nível e salários astronômicos passaram pela China. Dá para ter uma noção do quanto a China gastou e gasta com esses jogadores.
Porém, agora essas leis estão mudando. Não sei qual o motivo do governo, mas estão criando novas leis para estabelecer um teto salarial máximo para jogadores estrangeiros.
J.J. – Na China, você teve problema com o idioma?
Johnathan – Eu não falo inglês fluentemente, porém tenho uma base que me ajuda a sobreviver. O chinês em si não fala inglês, mas eu sou brasileiro e sempre dou um jeito. Na equipe, eu uso inglês e também temos tradutor, que é um chinês que fala ou inglês ou espanhol.
J.J. – Você mantém a forma onde?
Johnathan – Na Arena de Jales. Toda segunda, quarta e sexta-feira eu estou lá. A Arena está sendo muito bem aproveitada com um projeto muito legal. Fazia tempo que eu não via isso aqui de chegar em um lugar e ver as crianças realmente treinando e não brincando de chutar bola. O Daniel e o Du Bola estão colocando a mão na massa para treinar essas crianças.