Conquistar um bom desempenho no Enem vai ter um significado mais especial para o estudante Thulyo Vasconcelos, de 18 anos. Há cinco meses ele luta contra a leucemia e fará as provas no hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac), em São Paulo. “Chegar à universidade é mais uma motivação”, diz.
O estudante é um dos seis pacientes que farão o Enem no hospital neste ano. No País, são 287 classes hospitalares de aplicação do exame.
Essa é a segunda vez que Thulyo faz o Enem. Ano passado, por pouco não conseguiu uma vaga em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, cidade onde mora. “Estava esperando a segunda chamada quando descobri que estava doente. Tive de esperar.”
Parou o cursinho e precisou mudar às pressas para São Paulo para o tratamento. “No começo foi complicado, perdi um pouco de tempo. Mas, agora, estou melhor.” Thulyo tem dividido o tempo entre as sessões de quimioterapia e a preparação para o Enem com professores que o Graac dispõe. “A parte do cálculo é meu forte, a redação é que será o desafio.”
Há uma semana os horários da quimioterapia têm sido adaptados para que ele não precise de medicação durante o tempo de prova – que segue a regra geral. “Nem sempre é possível esse controle, mas os meninos, mesmo em tratamento, usam todo o tempo disponível”, diz a coordenadora da escola móvel do Graac, Amalia Covic.
A mãe de Thulyo, Sônia Vasconcelos, de 51 anos, largou tudo em Campina Grande para ficar com o filho em São Paulo. “Muitas vezes foi ele que me deu força.” O estudante também prestará a Fuvest no hospital – a previsão de tratamento é de mais um ano, pelo menos. “Se passar, faço a matrícula e tranco. Estou mais preparado agora.”