domingo, 24 de novembro de 2024
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Jogos de Tóquio: dois meses após amputação, paratriatleta é prata

O município catarinense de Penha recebeu no final de novembro a edição de 2020 do GP Extreme de triatlo. Foi lá que um dos pioneiros do paratriatlo nacional pôde voltar…

O município catarinense de Penha recebeu no final de novembro a edição de 2020 do GP Extreme de triatlo. Foi lá que um dos pioneiros do paratriatlo nacional pôde voltar às provas após um dos momentos mais difíceis da carreira. Menos de 2 meses após amputar o braço direito, Jorge Fonseca, da classe PT S4 (amputados abaixo joelho, amputado abaixo do cotovelo e paralisia cerebral leve) faturou a prata na categoria aberta por idade (34 a 39 anos) e o quinto lugar geral.

“Foi minha primeira competição sem o braço. Não acreditei. Com pouquíssimo treino, acabei fazendo resultados bem parecidos ou até melhores com aqueles que vinha obtendo no início do ano, quando estava treinando muito. Saí da água com o mesmo tempo do início desse ano. Foi um dos meus melhores pedais. E foi a primeira vez que eu encaixei uma corrida legal sem estar treinado”, disse o paratleta, que pratica o esporte desde 2011. Nos Jogos, o paratriatlo é composto por 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida. Na prova de Santa Catarina, a única diferença foi na prova do ciclismo, com a distância de 27 km.

A decisão de amputar o braço veio durante a pandemia, após sofrer um acidente doméstico na cidade de Rio Negrinho, no interior de Santa Catarina. “Em julho, estava fazendo um conserto no telhado. Até que acabei me descuidando e caí de uma altura de mais de três metros. Fui por cima ainda da minha mãe, que estava me ajudando. Fraturei a coluna em dois lugares. Quebrei escápula. Fiquei 90 dias sem nenhum tipo de treinamento”, recorda.

Foi nesse momento que ele decidiu fazer a cirurgia que já era planejada desde o final de 2019. “Estava naquela loucura do ciclo dos Jogos de Tóquio. Vinha de bons resultados. Era o quarto no ranking da Paralimpíada. Ia fazer a cirurgia só depois de Tóquio. Mas daí vieram a covid-19 e esse acidente, e vi que era a hora de amputar”, disse. Segundo Jorge, a melhora no desempenho esportivo foi muito rápida. “Notei que mudou a minha postura para correr. A minha flutuação na natação ficou muito melhor. Tinha que ficar com o meu braço preso ao corpo. E, no ciclismo, tinha que adaptar sem o braço como se fosse uma tipoia. O braço pesava quase dois quilos. Era sempre um peso a mais”, afirmou.

Atualmente, Jorge está na quinta posição no ranking mundial e na sexta no ranking paralímpico, com a vaga muito bem encaminhada para os Jogos de 2021. “Quando estourou a pandemia, estava nos Estados Unidos para participar do Pan. Tinha vários atletas de outros continentes que conseguiram pontuar em seus respectivos torneios. E eu, estando no pódio no Pan, já estaria garantido. Agora é focar para o torneio do ano que vem. Vai ser no dia 14 de março. Quero chegar lá e garantir essa vaga de uma vez por todas”, declarou.

Começo no esporte
Em 10 de janeiro de 2006, um motorista alcoolizado colidiu na moto guiada por Jorge. Após aquele dia o braço direito do paratleta nunca mais teve movimentos. Em 2010, ele conheceu uma equipe de ciclismo em Rio Negrinho. “Tinha um rapaz sem um braço fazendo parte da equipe. Aquilo me incentivou, despertou o interesse. Duas semanas depois estava comprando uma bicicleta e andando com eles. Mas a entrada efetiva na modalidade foi no final de 2011. Sou um dos pioneiros. Praticamente todos daquela época já pararam. Só eu que estou ainda por aqui”, disse.

No ciclo dos Jogos do Rio de Janeiro, o catarinense foi prejudicado pela não inclusão da categoria dele no programa dos jogos. “Eu era da PT3. Era um ano que tinha muitas chances. Ganhei o evento teste. O vencedor da final do circuito mundial em Chicago completou a prova nos Estados Unidos apenas dois segundos mais veloz do que havia feito no evento teste”, lamenta.

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