A Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai denunciar o jogador de vôlei Wallace Leandro de Souza pelo crime de incitação à violência. O atleta postou em seus stories do Instagram uma enquete em que perguntava: “Daria um tiro na cara do Lula com essa 12 [espingarda?]”
Na caixa da enquete, Wallace completava: “Alguém faria isso” — seguido de um emoji de um santo.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para tomar providências sobre a postagem. “Já acionei a AGU e vamos tomar todas as providências necessárias. Não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas!”, escreveu Pimenta.
Ao g1, a assessoria de imprensa do deputado estadual Carlos Minc (PSB), da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj, informou que a denúncia será enviada ainda nesta terça-feira (31) à Procuradoria-Geral da República (PGR) no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria, “há indícios de cometimento de crime de incitação à violência e ameaça”. O ofício seria remetido até o final da tarde.
Já a assessoria jurídica do colegiado explicou à TV Globo que, “como há um crime”, “independe de quem venha a denúncia” — razão pela qual um órgão do Rio de Janeiro resolveu prestar queixa a um atleta que joga em Minas.
O Código Penal, no artigo 286, descreve o delito de incitação ao crime, que consiste em incentivar ou estimular publicamente a realização de um crime. A pena é de detenção de 3 a 6 meses, além de multa.
Segundo a comissão da Alerj, o story ficou sete horas no ar até ser apagado — normalmente, um story pode ser visto por 24 horas desde a postagem. Também nesta segunda (30), Wallace postou uma foto empunhando uma pistola, em resposta a um seguidor que lhe perguntou “a arma que mais curtiu atirar”.
A TV Globo apurou que Wallace, atualmente jogador do Cruzeiro (MG), apagou a enquete na manhã desta terça (31), quando o story começou a repercutir.
O g1 tenta contato com o atleta.
CBV, Cruzeiro e atletas reagem
Em contato com o ge, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) disse repudiar a incitação à violência. “A CBV repudia qualquer tipo de violência ou incitação a atos violentos e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade”, disse a entidade, via equipe de comunicação.
Em nota, o Sada Cruzeiro lamentou profundamente “a publicação realizada e o seu conteúdo”. “Vivemos um momento delicado, em que precisamos ter muita cautela com as nossas manifestações”, afirmou.
“As redes sociais podem parecer um espaço em que tudo está liberado, sem muita avaliação das possibilidades de interpretação, e isso é uma armadilha gigantesca. Reforçaremos com todo o nosso staff, atletas e comissão técnica sobre a importância da responsabilidade no uso das mídias digitais”, emendou.
“Ressaltamos, principalmente, que a violência nunca deve ser exaltada ou estimulada, e da parte do Sada Cruzeiro pedimos sinceras desculpas a todos.”
A nadadora Joanna Maranhão compartilhou a captura de tela e perguntou: “O Wallace fez essa postagem aí e depois apagou. Será responsabilizado?”
A deputada federal Jandira Feghali comentou: “Jogador de vôlei Wallace de Souza, do Cruzeiro Sada e ex-seleção, fez enquete estimulando o assassinato do presidente Lula. Atletas devem ser exemplos de boa conduta, nunca de delinquência!”