sábado, 23 de novembro de 2024
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Jogador brasileiro pode ser recrutado para guerra na Ucrânia

O jogador brasileiro Junior Moraes é naturalizado pela Ucrânia e corre o risco de ser convocado pelo exército ucraniano para defender o país contra as tropas russas. O pai do…

O jogador brasileiro Junior Moraes é naturalizado pela Ucrânia e corre o risco de ser convocado pelo exército ucraniano para defender o país contra as tropas russas. O pai do atleta disse ao g1, nesta sexta-feira (25), que pedirá para o filho não lutar pela Ucrânia. O atleta está, no momento, abrigado em um hotel na capital, aguardando orientações da embaixada brasileira na tentativa de sair do país.

Aluísio Chaves Ribeiro Moraes Júnior, mais conhecido como Junior Moraes, é um dos brasileiros que estão em Kiev. Ele atua como atacante pelo Shakhtar Donetsk e pela seleção ucraniana. Moraes e outros brasileiros estão em um hotel e já pediram ajuda pelas redes sociais para deixar a Ucrânia.

Moraes joga por times do país há dez anos. Os familiares dele retornaram ao Brasil com o próprio jogador no fim do ano passado, durante as férias. Mas, o jogador voltou à Ucrânia neste ano, antes do início do conflito armado.

Na segunda-feira (21), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou estado de mobilização geral no país, com validade de 90 dias. A medida proíbe a saída de cidadãos ucranianos do sexo masculino do país pelo período em que a legislação permanecer em vigor.

Nascido em Santos, no litoral paulista, o atleta de 34 anos é o único dos jogadores que possui passaporte ucraniano, após se naturalizar cidadão do país em 2019. Com a determinação do presidente, Moraes fica impedido de deixar a Ucrânia, por ter dupla nacionalidade, e pode ser convocado para a guerra.

Sobre o assunto, o pai do atleta, Aluísio Chaves Ribeiro Moraes, que mora em Santos, disse ao g1 que ainda não conversou com o filho sobre a questão. Porém, ele se mostrou preocupado com a situação.

“Vou falar pra ele não ir não, nada a ver. Ele tem dupla nacionalidade. Ele não tem que lutar pela Ucrânia”, defendeu o pai.

Junior pode ser convocado?
Caso ele seja convocado, o jogador deverá atender à solicitação do país e se unir à tropa ucraniana contra a invasão russa, segundo o advogado especialista em Direito Internacional, Iure Pontes Vieira. “Ele tem duas nacionalidades. Para o direito ucraniano, ele deve prestar contas, tem direitos e obrigações no país”, disse.

Ainda conforme Vieira, como Junior ainda está no país, ele deve respeitar e seguir a legislação ucraniana, seja qual for. “Ele não pode ter mais direito que outros ucranianos e ser isento de uma convocação por ter duas nacionalidades”, justifica. A solução seria um acordo diplomático com o Brasil.

O presidente da Comissão de Direito Internacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santos, Richard Geraldo Dias de Oliveira, diz ainda que se Junior se recusar a defender o país, pode ser preso. “Seria considerado como desertor”, explica.

No entanto, a convocação não seria assim tão simples. Oliveira diz que o Exército convoca, primeiro, reservistas e recrutas. “Se ele não é reservista, não teria muito com o que se preocupar”, diz. “Mas a Ucrânia está numa situação que nós não víamos desde a Segunda Guerra Mundial”, completa.

“Devido ao estado de emergência do país, tudo pode mudar. O ideal é ele cruzar a fronteira”, diz Oliveira.

Em um cenário como esse, o presidente pode decidir recrutar todos os cidadãos do sexo masculino para defender o país. “Eles vão usar o que têm para se defender. Todos os homens podem ser considerados reservistas, mesmo apenas com um treinamento básico”, finaliza.

Rússia x Ucrânia
A crise mais recente entre a Rússia e a Ucrânia teve início quando os russos começaram a acumular militares em regiões próximas da fronteira entre os dois países, já no fim de 2021. Inicialmente, os russos negaram que tinham pretensões de invadir o país vizinho. No entanto, em 21 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin tomou duas decisões:

Reconheceu as regiões de Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes da Ucrânia;
Autorizou o envio de militares russos para manter a paz nas regiões separatistas da Ucrânia.

Na madrugada do dia 24 de fevereiro, ele ordenou a invasão do território ucraniano.

Pouco após o anúncio da invasão feito por Putin, começaram relatos na imprensa de sons de explosões e artilharia nas cidades ucranianas de Kharkiv e Kiev, entre outras. Centros de comando militar nessas duas cidades foram atacados com mísseis, segundo disse uma fonte do Ministério do Interior a um site ucraniano. O aeroporto da capital foi esvaziado e teve os voos suspensos.

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