Este ano,2016,completou40 anos da morte de Juscelino Kubitschek, o maior presidente do Brasil em obras e avanços, e seu “redescobridor”, pois, ao construir Brasília, dá-se um impulso espetacular ao Centro-Oeste e Norte, que tiveram o maior crescimento do País, como os dois Matos Grossos e Goiás, hoje imensos celeiros e pastoreios.
JK tinha fortes ligações com minha terra natal, Alfenas, Minas.Destas, destaca-se a antiga e fiel amizade que possuía com Feliciano Libânio da Silveira- o Sanico, folclórico político local. Atestando isso, basta dizer que duas filhas de Sanico tiveram o “eterno Presidente” como padrinho de casamento.
No final dos anos 60, JK estava cassado e sofria grande ”implicância” pelos donos do poder à época.Como se deu várias vezes, foi convidado e aceitou ser Patrono de uma turma de formandos da EFOA -Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, hoje UNIFAL – Universidade de Alfenas.Foi uma grande festa o seu desembarque, no Campo de Aviação,e uma gigantesca carreata até o centro da cidade, repleto de pessoas, que queriam vê-lo, tocá-lo e reverenciá-lo.
Mal se hospeda na casa de Sanico, logo aparece um Tenentepara avisá-lo que teria de, previamente, apresentar o discurso que faria à noite no Clube local, para a devida censura. Alegava ordens superiores e a segurança nacional (!?). JK não se abalou. Sua serenidade, altivez e tolerância eram indescritíveis; cortes mente pediu um tempo, escreveu um discurso e, na hora marcada, entregou-o à autoridade militar.Pouco antes da Formatura,recebeu-o de volta, devidamente “avaliado e avalizado”.
Clube lotado, sobrava gente; o Cerimonial se desenrola e chega a vez de JK falar;risonho como sempre,ele faz as considerações de praxe, retira do bolso o “investigado” discurso e, para surpresa, susto e pânico em alguns,RASGA-O!!! Após os “ohs!!!“ de todos, seguido de entreolhares e de um “altíssimo” silêncio, só se ouvia o bater acelerado dos corações em sobressalto… Dizem que os “Censores” presentes ficaram verdes como suas fardas.
JK começa a falar de improviso e, no lugar do Discurso Rasgado,profere um‘Rasgado”Discurso, emocionando a todos; “nós”na garganta e lágrimas brotaram na maioria.Sereno,mostra superioridade e carisma em sua candente oratória.
Ao final – e que final!,uma eternidade de sentidas e espontâneas manifestações com palmas,palavras e punhos levantados. Centenas de pessoas abraçam-no, chorando; com um sorriso triste, JK procurava consolar a todos, com palavras e afagos.
Ah!,que pena…, se JK não tivesse sido “morto” em seus direitos políticos e não houvesse morrido,tempos depois, em um “estranho” acidente de carro, com certeza o Brasil seria outro!
Quem viu ou ouviu JK, ou vivenciou seus anos de governo desenvolvimentista, radicalmente democrático e alegre, jura que isso é uma saudosa e incontestável constatação, pois assim era a alma de JK,que possuía, também, como retrata a música de Milton Nascimento e Wagner Tiso em sua homenagem,um “Coração de Estudante”!Que falta ele nos fez e faz…
Jesiel Bruzadelli Macedo
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