A japonesa Kirin fechou a compra da totalidade das ações da Schincariol. Desde que adquiriu o controle (50,45%) da cervejaria brasileira, por R$ 3,95 bilhões, em agosto, a Kirin se viu envolvida em uma disputa com os sócios minoritários, detentores do restante das ações.
A contenda foi parar nos tribunais, mas ontem as partes chegaram a um acordo sobre valores. Os irmãos Gilberto, José Augusto e Daniela pleiteavam o mesmo valor pago aos majoritários, mas acabaram vendendo 49,55% das ações por R$ 2,3 bilhões.
As negociações da Kirin com os minoritários se intensificaram depois que os três irmãos foram derrotados na Justiça em sua tentativa de impedir a venda do controle, no início de outubro.
Eles haviam conseguido congelar a venda por meio de uma liminar concedida pela 1ª Vara Cível de Itu, interior de São Paulo e sede da companhia, três dias depois de o negócio ter sido anunciado.
O argumento era que uma cláusula do acordo de acionistas lhes dava direito de preferência para adquirir o controle da empresa. A decisão que derrubou a liminar deixou pouca margem para novos recursos.
Com a derrota na Justiça, os advogados dos minoritários, o escritório Teixeira e Martins, tentaram retardar a aprovação do negócio no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), via medidas burocráticas, como pedido de vistas ao processo.
Com o acordo, os minoritários se comprometem a retirar toda e qualquer ação que atrapalhe a concreti- zação do negócio.
Com faturamento bruto de R$ 6 bilhões no ano passado, o grupo Schincariol perdeu recentemente o posto de vice-líder do mercado para a cervejaria Petrópolis.
A empresa tem 13 fábricas espalhadas pelo país e uma ampla rede de distribuição, ativos que mais atraíram os japoneses.
A empresa é dona das marcas de cerveja Nova Schin, Devassa, Baden Baden, entre outras, além de linhas de água, suco e refrigerante.
Havia tempos que os então sócios majoritários Adriano e Alexandre tentavam vender suas participações.
Chegaram a negociar com Heineken e SABMiller, mas as negociações emperraram justamente por conta da oposição dos três primos.
Adriano, que preside a companhia, deve permanecer no posto por mais alguns meses apenas, quando a família toda se desligará do negócio.
A Kirin faturou R$ 41,5 bilhões no ano passado e tem suas operações concentradas na Ásia e na Oceania. No Brasil, a presença é tímida e focada na comunidade japonesa. Com um sócio local, produz saquê e molho de soja.