“…não façam isso, vocês serão presos…”, essas podem ter sido as últimas palavras dos irmãos vendedores de redes e tecidos executados a tiros e golpes de machado na noite de 20 de dezembro de 2013 em um canavial de Riolândia.
A investigação da Polícia Civil descobriu os autores e revelou detalhes cruéis do duplo latrocínio. Três suspeitos – dois deles confessaram os crimes – estão presos. Um quarto criminoso sumiu do mapa e da região.
As vítimas são popularmente chamados de “redeiros”, moradores de Taquaral-SP, que percorriam as regiões de Paulo de Faria e Riolândia mensalmente no trabalho informal.Um dos criminosos é da cidade das vítimas e conhecia o cotidiano dos vendedores na região.
Segundo o delegado Tiago Pereira, responsável pela investigação que culminou na prisão dos suspeitos, o mentor do bárbaro crime “seguiu” as vítimas durante um mês, até descobrir o dia do recebimento do “fiado” em Riolândia.
Ambição
O plano era roubar R$ 12 mil. O criminoso pediu a ajuda de um irmão morador de Cardoso. A dupla recrutou outro ladrão e conseguiu um “fornecedor” da arma, em Riolândia, onde é conhecido pelo apelido de “Burrinho”.
No início da noite do crime, dois ladrões – já conhecidos das vítimas – pararam um carro Vectra no trevo de acesso de Riolândia e simularam um problema mecânico.Inocentemente, os irmãos que estavam em um Fiorino pararam para ajudar.
As vítimas acabaram rendidas e levadas para um canavial, onde também reconheceram os ladrões.
Em depoimento policial, os envolvidos contaram terem planejado a morte dos irmãos “caso o roubo desse errado”.
Ao serem reconhecidos, os bandidos ordenaram que os irmãos ajoelhassem com as cabeças no solo. Vários tiros teriam sido disparados.
Para completar o assassinato os criminosos golpearam os irmãos de 41 e 42 anos com machadadas na cabeça e braços.
A quadrilha roubou R$ 2,1 mil das vítimas. Após o crime, os bandidos se reuniram na casa do fornecedor da arma e dividiram a grana em cerca de R$ 700 cada.
O mentor do crime fugiu para a região de Bebedouro ou Barretos. Os demais ficaram em Cardoso e Riolândia, onde acabaram presos.
O delegado seccional, Osny Marchi, disse que foram 25 dias de investigação. “As equipes envolvidas passaram as festividades de final de ano trabalhando no caso. São dignas de reconhecimento pelo empenho”, disse.
Distância
Policiais de Riolândia se deslocaram para Taquaral para descobrirem as primeiras pistas. Juntando as peças do quebra-cabeça, conseguiram identificar um dos bandidos. Daí em diante, o trabalho foi sequencial e identificou, inclusive, os carros utilizados pelos marginais – um Versailles e um Vectra.
A Polícia prepara o relatório do inquérito para o Ministério Público.
A pena base para cada um dos criminosos pode chegar a 30 anos de cadeia. A polícia prepara a reconstituição do crime.