Na última semana, uma comissão especial formada por funcionários da Prefeitura de Fernandópolis realizou uma série de oitivas com testemunhas relacionadas a uma investigação de possíveis fraudes no almoxarifado da Secretaria de Saúde. A apuração, conduzida sob a orientação da Procuradoria Jurídica, visa identificar o possível envolvimento de fornecedores e de um servidor público em uma denúncia de desvios de insumos essenciais para o setor de saúde municipal.
Entre os investigados está João Luiz Garcia Gomes Filho, vereador e servidor afastado temporariamente de suas funções pelo período de 60 dias. A decisão pelo afastamento busca assegurar a transparência e a lisura do processo enquanto são reunidas informações sobre o suposto rombo que, caso comprovado, traria prejuízos relevantes para o serviço público de saúde.
Até o momento, a comissão mantém os depoimentos sob sigilo, alegando que a divulgação prematura de informações poderia comprometer o andamento da apuração. Segundo fontes ligadas ao processo, João Garcia será o último a ser ouvido pelos membros da comissão, em um depoimento que pode ser crucial para elucidar os fatos e apontar responsabilidades.
A denúncia contra Garcia levanta reflexões sobre o impacto das ações de um representante público na credibilidade e confiança da população. Por se tratar de um vereador que, ao longo de sua carreira, tem mantido uma postura crítica em relação à administração atual, a acusação de envolvimento em desvios de recursos públicos desafia a sua imagem e suscita um questionamento ético. Seria compreensível que alguém tão atento a eventuais falhas da gestão praticasse ou compactuasse com atos que, caso confirmados, configurariam desvio de recursos?
Além das consequências legais, a possível prática de irregularidades no fornecimento de insumos destinados à saúde levanta questões profundas sobre a ética e a integridade que se espera de um servidor público. Atitudes assim, em meio a uma crise de saúde pública e orçamentos limitados, representam um choque para os princípios de compromisso e transparência.
Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas a situação de Garcia e os rumos que essa investigação pode tomar exigem reflexão. Afinal, é coerente apontar falhas na gestão pública e, ao mesmo tempo, ser investigado por ações que colocam em risco os serviços essenciais à comunidade?
Por Jean Braida
MTB 0061141SP
@jeanbraida