A Polícia Civil abriu inquéritos para apurar a autoria de listas contendo nomes de pessoas apontadas como “malas” e mulheres “vadias” ou “rodadas” em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Os rankings considerados ofensivos circulam pelas redes sociais e no aplicativo de mensagens WhatsApp. Até a manhã desta quinta-feira, 25, cinco mulheres incluídas na lista das “vadias” e um homem descrito como chato no ranking dos “malas” registraram boletim de ocorrência por injúria e difamação.
De acordo com o delegado Carlos Eduardo de Souza, que dirige os inquéritos, a primeira lista a circular nas redes sociais foi a dos “mais chatos”, também chamados de “malas”, com cerca de 150 nomes de homens, entre eles, pessoas conhecidas na cidade, como advogados, médicos e comerciantes. “Um deles procurou a polícia por ter se sentido ofendido, já que a lista está tendo ampla circulação”, disse o delegado. Em seguida, segundo ele, saiu a lista das “mais vadias”, também na versão “as mais estranhas e rodadas da cidade”, com cerca de 70 nomes de mulheres.
Segundo o delegado, a lista inclui jovens. Entre as cinco que já deram queixa, uma garota de 21 anos relatou ter sido humilhada e ridicularizada no local em que trabalha por ter sido incluída no ranking. No caso da lista dos mais chatos, o delegado chegou ao nome de um dos autores da postagem. Ele será intimado para prestar esclarecimentos e deve ser indiciado pelo crime de injúria, que prevê pena de detenção de um a seis meses e multa.
A lista das “vadias”, segundo o policial, também entrou em grupos do aplicativo WhatsApp. “Não temos a autoria, mas estamos chamando as pessoas que divulgaram as listas e também os administradores desses grupos, pois, além do autor, quem repassa ou divulga também comete o crime.” Segundo ele, o uso de meios de ampla divulgação, como a internet, causa aumento de um terço na pena, em caso de condenação.
Na cidade de 83,6 mil habitantes, as listas causam repercussão. Num recado aos autores, um site de notícias locais lançou a “lista do bem”, com cem atitudes positivas, como “colaborar com entidades assistenciais, adotar animais de rua e cuidar da própria vida”.