terça, 7 de janeiro de 2025
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Inflação vai a 10,74% e supera pico atingido no governo Dilma

A inflação medida pelo IPCA subiu 0,95% na passagem de outubro para novembro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Com o resultado, o indicador acumula alta de 10,74% nos…

A inflação medida pelo IPCA subiu 0,95% na passagem de outubro para novembro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Com o resultado, o indicador acumula alta de 10,74% nos últimos 12 meses, superando levemente o patamar de janeiro de 2016, quando a inflação chegou a 10,71%, pico do índice atingido no governo de Dilma Rousseff.

É também o maior patamar desde novembro de 2003, quando a inflação chegou a 11,02% em 12 meses. O indicador foi puxado mais uma vez pelo aumento nos preços dos combustíveis, especialmente a gasolina. Tanto os combustíveis como a enegria elétrica superam, em muito, o índice geral.

Apesar do índice elevado, os dados vieram abaixo da expectativa de mercado. A projeção média de analistas, segundo a Reuters, era de 1,08% na variação mensal e 10,88% na variação anual.

O resultado divulgado hoje está bem distante do teto da meta estipulada pelo Banco Central para 2021. O BC tem como meta de inflação 3,75% em 2021, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo, ou seja de 2,25% a 5,25%.

Gasolina sobe 50,78% em 12 meses
A gasolina teve o maior impacto individual sobre o índice novamente, com alta de 7,38% em novembro. Houve forte aumento também nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás natural veicular (4,30%).

Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, alta de 50,78%, o etanol de 69,40% e o diesel, 49,56%. Juntos, o grupo combustíveis avançou 52,77% no período.

Os preços dos automóveis novos e usados também pesaram na inflação do mês. Já as passagens aéreas recuaram 6,12% em novembro, após as fortes altas de 28,19% em setembro e 33,86% em outubro.

A energia elétrica também voltou a pesar no índice, com avanço de 1,24% em novembro. Em 12 meses, a alta acumulada é de 31,87%.

Além da bandeira tarifária da Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, em vigor desde setembro, houve reajustes nas tarifas em Goiânia, Brasília e São Paulo, segundo o IBGE.

Descontos na Black Friday
Por outro lado, houve leve recuo em alimentação e bebidas (-0,04%), devido à queda na alimentação fora do domicílio. Isso contribuiu para a desaceleração do IPCA em relação a outubro, quando o indicador subiu 1,25%.

De acordo com o IBGE, uma das razões para isso ter acontecido foi a temporada de promoções da Black Friday.

“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal. No Brasil, diferentemente de outros países, os descontos não são centrados em um único dia. Os descontos acabam sendo dados ao longo do mês”, explica Pedro Kislanov, gerente do IPCA.

Como os descontos são pontuais e não devem se repetir no mês seguinte, muitos analistas avaliam que as pressões sobre os preços vão continuar.

A constante alta da inflação registrada durante todo o ano tem vários fatores, como os choques de preços de combustíveis e alimentos, que afetam toda a cadeia. Há também a incerteza fiscal, que causou confusão no mercado e fez as projeções de PIB, juros e inflação se deteriorarem tanto para 2021 e 2022.

Maior patamar desde 2015
Com as pressões persistentes impactando a inflação, economistas projetam que o indicador encerre o ano de 2021 em dois dígitos – algo que não ocorre desde 2015, quando chegou a 10,71%.

A alta persistente dos preços tem levado o Comitê de Politica Monetária do Banco Central a acelerar o ritmo de alta da taxa Selic.

Na última reunião deste ano, entre os dias 7 e 8 de dezembro, o Copom decidiu pelo aumento de 1,5 ponto percentual, como já era previsto pelos agentes de mercado, elevando a Selic para 9,25% ao ano. É o maior choque de juros na economia brasileira em 20 anos.

Como o efeito dos juros leva de dois a três trimestres para fazer efeito na economia real, a expectativa dos analistas que a rápida elevação dos juros consiga controlar as expectativas de inflação para 2022 e 2023. Analistas estimam que o indicador deva encerrar o ano que vem entre 5% e 6%.

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