Essa história parece ficção, mas, infelizmente não é. E aconteceu em Votuporanga, na noite fria desta quinta-feira.
Um adolescente de 17 anos de idade, franzino, de poucas palavras e vestindo apenas uma bermuda, camiseta e chinelo de dedo, em uma noite gelada, foi descoberto pela Polícia Militar morando em cima de uma árvore .
A história envolve toda uma família totalmente desestruturada, com os pais separados, cada um morando em uma cidade e o adolescente abandonado, não viu outra opção, se não morar em cima de uma árvore, a uma altura de três metros.
Bastante assustado com o movimento de policiais, imprensa e vizinhos, C. 17 anos, relatou ao votunews que está morando de forma totalmente precária em cima da árvore há pelo menos duas semanas.
Tudo começou quando C resolveu sair da casa de parentes, e sem perspectiva resolveu montar uma casa de madeira nos galhos da árvore, localizada em um terreno na rua José Cherobino Borges, no bairro Jardim Alvorada, em Votuporanga.
A movimentação do jovem todos os dias entrando e saindo do terreno chamou a atenção de moradores vizinhos ao local que resolveram acionar a Polícia Militar. Diante das informações, os PMs Scália e Cândido, foram até o local indicado e encontraram o menino em cima de uma árvore, deitado em um colchão junto de alguns utensílios sujos.
A casa de madeira tinha vários utensílios domésticos, roupas, colchão, cobertas, comida e até um microondas. Todo esse material, segundo o garoto, foi produto de doação e até comprados, já que, segundo ele, vive de venda de material reciclado.
Com a chegada da Polícia, sem nenhuma reação, o “Tarzan”, como foi rapidamente apelidado, disse que estava morando na árvore havia 15 dias, já que não queria voltar para a casa de seus parentes.
Viciado em maconha, o adolescente disse à reportagem que nunca praticou nenhum crime, e teve a ideia de morar em cima da árvore após desistir de ficar com os seus familiares. “Meus pais moram em Rio Preto, são separados, não quero ficar na casa de parentes, então resolvi fazer essa casa de madeira em cima da árvore”, disse.
Após as formalidades, o menino foi conduzido e apresentado no plantão policial, para as devidas providências, inclusive para ver a procedência dos utensílios encontrados em sua “casa”.
A reportagem do votunews acompanhou todo o trabalho da Polícia Militar até a condução do menor ao plantão policial e o empenho em localizar um abrigo provisório para o menino da árvore. Ainda no terreno, a PM acionou o Conselho Tutelar que teria informado que não iria até o local, pois não havia nenhuma infração cometida.
Já no Plantão Policial, os PMs apresentaram a ocorrência ao delegado Rogério Montoro, que novamente via fone entrou em contato com um conselheiro tutelar e requisitou sua presença para acompanhar o desenrolar do caso. Novamente, segundo o delegado, o conselheiro disse que não havia a necessidade do seu comparecimento ao plantão policial para acompanhar o caso do menor abandonado. “Vou colocar isso no papel, ou seja, o Conselho Tutelar foi acionado, e manifestou que não tinha necessidade do seu comparecimento para acompanhar o caso. Digo isso que, como não há nenhum crime evidente praticado pelo menor, vamos formalizar a ocorrência e liberá-lo”, explicou o delegado Montoro.
A reportagem também constatou a dificuldade das autoridades policiais em localizar um abrigo provisório para o menor, pois segundo consta, ele não podia ir para a Casa Abrigo “Irmão de Emaús”, pois se trata de um menor de idade, e nenhuma casa lar foi encontrada. “Vamos colocar também na ocorrência que acionamos o Conselho Tutelar para vir até o local (na casa de madeira) e também no Plantão Policial”, disse o cabo Cândido.