Os incêndios que atingiram a região de Ribeirão Preto, em São Paulo, desde a última quinta-feira (22), causaram um rastro de destruição e morte. Mais de 200 animais perderam a vida, moradias foram destruídas e plantações inteiras foram consumidas pelas chamas. Uma das áreas mais afetadas foi um assentamento entre Guatapará e Pradópolis, onde 360 famílias vivem. O fogo destruiu completamente pelo menos oito moradias e causou prejuízos diretos a outras 80, além de espalhar fumaça intensa por toda a área.
O agricultor Silvio Roberto Gomes, de 55 anos, que vive há 12 anos em um acampamento no assentamento, perdeu tudo em apenas 40 minutos de incêndio. “Morreram queimados todos os animais, perdemos também os alimentos deles. Tentamos fazer com que eles saíssem, mas morreram todos amontoados”, relatou Gomes.
Ele calcula um prejuízo de R$ 70 mil, incluindo a morte de 170 frangos e 15 porcos, além da destruição de soja, farelo de milho e silo para vacas. A família de quatro pessoas conseguiu salvar apenas um porco, que ficou gravemente ferido.
Cerca de 10 veículos ficaram presos em um aterro sem vegetação, aguardando resgate por mais de uma hora. O Corpo de Bombeiros conseguiu resgatar todos os presentes, mas muitos animais da fazenda não tiveram a mesma sorte, incluindo coelhos, cabras, carneiros, vacas, galinhas e bodes.
No sábado (24), o hotel-fazenda Queijos Lagoa também foi devastado pelas chamas que começaram durante a celebração do aniversário de uma criança de 1 ano, em Bonfim Paulista, e rapidamente se espalharam devido a uma forte ventania.
“O fogo tomou a estrada toda, o vento estava trazendo fogo, estávamos cercados e não sabíamos como sair”, contou Camila Botelho ao Uol, uma empreendedora que alugou brinquedos para a festa.
Já o agricultor Gilmar Ferreira Gomes, que mora na região há 18 anos, não teve sua moradia atingida, mas sofreu prejuízos com a perda de cercas e pastagens usadas para alimentar o gado. “Muita gente perdeu o que tinha para alimentar animais, então a gente apela para que usinas da região ajudem a não deixá-los morrer de fome”, pediu Gilmar.
Muitos assentados da região de Ribeirão Preto têm áreas de cana-de-açúcar arrendadas para usinas de etanol e açúcar, e dependem desse apoio para sobreviver.
O agricultor Nelson Cardoso Junior, conhecido como Juninho, também sofreu a perda total pela segunda vez este ano devido a incêndios. Em janeiro, sua casa, com tudo o que tinha nela, foi consumida por fogo. Agora, após se reerguer parcialmente, sofreu novo revés no campo.
“A gente vem pelejando, pelejando e acaba tudo de novo. Foi um vento muito forte, não deu tempo para fazer nada. Sobramos só nós [a família]”, desabafou Juninho, que agora depende de parentes em Ribeirão Preto.
As famílias afetadas pelos incêndios estão recebendo ajuda de voluntários de Pradópolis, que se mobilizaram para arrecadar doações de alimentos básicos.
A Defesa Civil e o Fundo Social do estado prometeram enviar ajuda humanitária, incluindo colchões, água e cestas básicas. Pradópolis é uma das 48 cidades paulistas em alerta máximo para incêndio, segundo o governo estadual, junto com outras 20 cidades da macrorregião de Ribeirão Preto.