Um implante para tratar depressão resistente será usado pela primeira vez no Brasil. Dois pacientes receberam os implantes de estimulação do nervo vago em cirurgias nesta sexta-feira, 11, em Florianópolis.
Os procedimentos são liderados na capital de Santa Catarina pelo médico Wuilker Knoner Campos, no Hospital SOS Cárdio. 10% a 30% das pessoas com depressão não respondem a qualquer dos tratamentos disponíveis. Assim, o implante é uma nova alternativa para essas pessoas.
Esse tratamento já estava sendo usado em pacientes com crises de epilepsia. Ele opera estimulando diretamente o cérebro. O implante ativa o nervo vago, que envia sinais elétricos ao cérebro, afetando os neurotransmissores e as áreas cerebrais associadas ao humor, de acordo com a emissora BBC.
Saiba como é o implante que trata depressão resistente
Wuilker Knoner Campos é presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Ele disse à emissora britânica que tanto pacientes com crises de epilepsia como com depressão apresentaram melhora com o uso dos implantes.
“E aí começou-se a estudar quais seriam os mecanismos do sistema nervoso em que poderiam explicar aquela melhora.” Os resultados dos estudos tornaram possível a liberação do tratamento com implante contra depressão resistente nos Estados Unidos, na Inglaterra e no Brasil.
O nervo vago se estende do crânio até os órgãos abdominais. Ele tem um papel vital na regulação de diversas funções orgânicas, inclusive do coração, dos pulmões e do intestino.
“No tronco cerebral, encontramos o ‘núcleo do trato solitário’, onde as fibras do nervo vago estão conectadas”, afirma Knoner Campos. “Esse núcleo processa informações de todo o corpo e reage a alterações, como o aumento da frequência cardíaca.”
Na cirurgia do implante que trata da depressão, uma incisão é feita sob a pele abaixo da clavícula esquerda ou próxima da axila esquerda para colocar o aparelho. Depois, uma outra incisão é feita no pescoço para fixar três pequenos eletrodos ao nervo vago esquerdo, que são ligados ao gerador por um condutor sob a pele. O paciente passa pelo procedimento com anestesia geral, sendo que pode receber alta no mesmo dia.