sábado, 23 de novembro de 2024
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Imagem de Marielle Franco será apagada em escola da região

O mural em homenagem à ativista política Marielle Franco, na Escola Estadual Vitor Antônio Trindade, em Araçatuba, será apagado. A decisão é do Conselho Escolar, composto de 18 pessoas, entre…

O mural em homenagem à ativista política Marielle Franco, na Escola Estadual Vitor Antônio Trindade, em Araçatuba, será apagado. A decisão é do Conselho Escolar, composto de 18 pessoas, entre pais, alunos, professores e funcionários, que se reuniram na noite de ontem (25), para deliberar sobre o assunto após a polêmica em torno da manifestação artística.

O apagamento obteve 15 votos favoráveis e 3 contrários. Os artistas responsáveis pela pintura, a professora de artes Roberta Baroni e o artista plástico Mauro Soh serão notificados e terão cinco dias para apagar a ilustração.

O painel foi finalizado no dia 15 de agosto no muro da escola, após um consenso entre a comunidade escolar que foi referendado pelo próprio Conselho Escolar. Porém, cinco dias depois, o mesmo Conselho se reuniu e decidiu que a arte deveria ser apagada, após críticas de pessoas ligadas à partidos de direita.

O argumento foi que a arte tinha cunho político-partidário por retratar uma ex-vereadora do PSOL. Eleita com mais de 46 mil votos para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Marielle foi morta a tiros no dia 14 de março de 2018, junto com seu motorista, Anderson Gomes.

A ilustração também foi criticada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alegou que o painel era um culto “a pessoas pró-drogas, abortistas, desarmamentistas e socialistas”. Outra manifestação contrário foi da vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos), de São Paulo.

Para grupo, apagamento é censura e afronta à liberdade de expressão

De outro lado, professores, artistas, jornalistas e representantes de movimentos populares se manifestaram contrários ao apagamento, alegando censura e afronta à liberdade de expressão.

Para eles, o legado de Marielle, que se tornou um ícone na defesa das minorias e dos Direitos Humanos, deveria ser respeitado, pois a ativista não representa apenas o PSOL, mas faz parte da história do Brasil, portanto, não representa a partidarização da instituição de ensino.

Nessa quarta-feira (25), um abaixo-assinado com 436 assinaturas chegou a ser protocolado na Diretoria de Ensino de Araçatuba pela Rede Emancipa Araçatuba, movimento que atua na educação escolar, pedindo que a decisão de apagar o mural fosse revista.

Outro documento, um requerimento assinado pelo advogado Renan Salviano, também pedia ao órgão a manutenção da manifestação artística, sob o argumento de que a decisão pelo apagamento é discriminatória e ilegal.

Com a polêmica instalada, o Conselho Escolar da Vitor Antônio Trindade decidiu se reunir novamente para deliberar sobre o assunto e acabou confirmando a decisão anterior pelo apagamento da ilustração, na noite dessa quarta-feira.

Após a deliberação pela destruição da arte, um grupo formado por professores, advogados e representantes de movimentos populares promete ir à Justiça para reverter a decisão.

Quem foi Marielle Franco

Marielle Franco foi uma socióloga, política e ativista defensora dos Direitos Humanos e das minorias. Foi eleita com mais de 46,5 mil votos para a Câmara do Rio de Janeiro e assassinada a tiros em 14 de março de 2018, junto com o seu motorista, Anderson Gomes.

A ativista participou da criação de cursinhos nas favelas, por meio de projetos em defesa da educação popular. Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e construía diversos coletivos e movimentos feministas, negros e de favelas.

Após sua morte, sua família criou o Instituto Marielle Franco, com a missão de manter viva a memória da ativista e seguir com ações voltadas a jovens, mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas.

Acusados do assassinato devem ir a júri popular no fim de 2021

Um ano após o crime, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Queiroz foram presos, em março de 2019. Eles foram denunciados pelo Ministério Público como autores dos assassinatos de Marielle e de seu motorista. As investigações em torno de um possível mandante ainda não foram concluídas.

Segundo as investigações do Ministério Público e da Polícia Civil, Lessa efetuou os disparos que tiraram a vida da vereadora e de seu motorista, enquanto Élcio de Queiroz era o motorista do carro usado no duplo homicídio. Os dois devem ir a júri popular até o final deste ano.

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