Uma igreja evangélica no Rio de Janeiro causou polêmica ao afastar líderes de seus cargos e expor os motivos nas redes sociais, alegando “pecados” como embriaguez, omissão, fofoca, autoritarismo e manipulação. A Igreja One, localizada na zona oeste, anunciou na segunda-feira (3) que afastaria membros da congregação, divulgando os nomes e os comportamentos considerados inadequados.
A publicação da igreja menciona que foram identificadas “falhas em várias áreas que causaram dor e decepção”. Entre os afastados estão quatro presbíteros, cujos nomes e ações foram listados. Uma mulher também foi citada por manipulação, fofoca e autoritarismo, com a nota afirmando que ela reconheceu seus erros e buscará restauração.
Rômulo Soares, um dos afastados, durante entrevista ao Uol, afirmou que concordou com a publicação e que vê a exposição como parte do processo de arrependimento. “A exposição não é algo ruim, a meu ver. O arrependimento genuíno é acompanhado de exposição”, afirmou Soares. Outros citados não responderam aos contatos.
Também foram procurados os presbíteros da Igreja One, Alessandro Vilas Boas, Gabriel Cantarino e David Cardoso, mas não houve retorno. Israel Belo de Azevedo, pastor e doutor em filosofia, comentou que não conhece a Igreja One, mas considera a exposição pública prejudicial tanto para os envolvidos quanto para a instituição.
Segundo Israel Belo, a disciplina nas igrejas evangélicas geralmente não é pública e deve focar na restauração dos membros. Ele explica que o ideal é que os problemas sejam resolvidos internamente, sem exposição, para que haja maior chance de retorno dos “disciplinados”. A exposição pública pode comprometer a reintegração dos membros à comunidade.
O pastor também alerta sobre as implicações legais da exposição, mencionando que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige que as igrejas obtenham consentimento para a veiculação de imagens e nomes. A exposição de nomes e imagens pode acarretar consequências morais e jurídicas imprevisíveis.