domingo, 24 de novembro de 2024
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Idosos se casam após 60 anos de união

Uma história de amor pode começar de diferentes formas. Essa que vamos contar teve início há 60 anos, no bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mas só agora…

Uma história de amor pode começar de diferentes formas. Essa que vamos contar teve início há 60 anos, no bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mas só agora que Gerli Maria dos Santos, de 73 anos, e José Araruna, de 75 anos, conseguiram se casar.

“Já são 60 anos na companhia dele. Ele é um bom pai, bom amigo, um irmão. Ele é meu companheiro, meu tudo. E agora, é meu marido”, contou a noiva.

Esta história, que começou quando os dois ainda eram adolescentes, foi oficializada durante casamento comunitário, nesta terça-feira (23), promovido pela Defensoria Pública de Minas Gerais.

Senta que lá vem história
José trabalhava em frente à casa de Gerli. Quando ela passava por ali, ele aproveitava a oportunidade para jogar a sua “famosa piscadela”.

Mas Gerli era durona e não dava muito papo para ele, não.

“Às vezes eu estava varrendo a calçada, e ele mexia comigo… eu fechava a cara na hora”, relembrou a noiva.

Também não tinha moleza na família da pretendente. O pai era muito “sistemático”, como Gerli mesma define. E, na família de 18 filhos, todos vindos da Bahia, Gerli era uns dos xodós dele.

Uma brecha e uma sanfona
Ao perceber que só a “piscadela” não ia adiantar, José foi mais ousado: foi até a casa da moça. Ao saber que o futuro sogro tinha uma sanfona que estava com defeito, ele se ofereceu para consertá-la. Foi aí que José, então com 15 anos, ganhou o coração do coroa e aproveitou para pedir Gerli em namoro.

“Um dia cheguei do colégio e vi o José lá em casa, e eu pensei: o que esse homem tá fazendo aqui em casa? E meu pai na maior prosa… ele aproveitou e pediu minha mão em namoro, na frente dos meus pais”, contou ela.

O namoro deu certo. Uma vez na semana, das 19h30 as 22h (no máximo), José ia visitar sua amada na casa dela e na frente dos pais.

Um inimigo antigo
Mas como toda história de amor tem empecilhos e vilões, o casal precisou lidar cedo com os preconceitos. Ela, por ser de família pobre, não era aceita na família de José. Ele, por sua vez, batia o pé em defesa de seu grande amor.

“A mãe dele nunca aceitou bem. Uma vez a gente terminou porque ela não deixava que ele me namorasse, principalmente porque a gente morava na favela. Mas sempre fomos muito trabalhadores. Crescemos dando valor aos estudos e ao trabalho”, contou Gerli.

Neste período, José mandava cartinhas saudosas. Quem fazia as entregas era o irmão mais novo da Gerli, já que os dois não podiam ser ver. Assim, foram mantendo o contato, mesmo com a distância que os dois foram obrigados a manter.

“Um dia minha mãe viu meu irmão me entregando uma carta e descobriu que era o José. Para evitar que meu pai ficasse bravo, ela mesma passou a me entregar as cartas”, disse.

Sem casamento
Como ainda eram menores de idade, Gerli e José nunca receberam a autorização da mãe dele para oficializar a união.

O tempo passou e com ele uma mudança: o casal conseguiu comprar uma casa, com a ajuda da mãe da Gerli. Se mudaram, e lá, tiveram o primeiro filho.

O casamento no papel nunca tinha acontecido até então. Para eles, o mais importante era que se amavam e contavam com “a bênção de Deus”.

“A gente tentou colocar papel pra correr, mas a mãe ia lá e impedia. Acabou que depois a gente até teve ideia de oficializar, mas eu desanimei. Já tava tudo certo, morando juntos, com filhos”, disse ela.
De lá para cá, são 60 anos de uma união que está longe de ter um fim. O casal viu os filhos se formarem e os 10 netos crescerem com saúde. E agora, com direito a alianças, terno e vestido de noiva, a história dos dois está completa, do jeitinho que sempre sonharam.

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