Um aposentado de 79 anos, morador em Ouroeste, passou por momentos “difíceis”, para não dizer “humilhantes”, no último sábado, dia 11, quando tentava atendimento de urgência na Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis, após sofrer uma queda acidental e ter a cabeça seriamente lesionada durante a madrugada daquele mesmo dia.
O caso acabou no Plantão Policial, depois da recusa do atendimento ao idoso por parte da médica plantonista responsável pelo setor de traumatologia e diagnóstico por imagem do hospital.
A família teria se prontificado, inclusive, a pagar pelo exame, uma tomografia computadorizada do crânio, uma vez que o procedimento pelo SUS – Sistema Único de Saúde acaba se tornando demasiadamente burocrático.
O caso
Na madrugada do último sábado, dia 11, por volta das 02h00, um aposentado de 79 anos, morador na zona rural de Ouroeste, sofreu uma queda acidental, ferindo-se gravemente na cabeça. Segundo familiares e funcionários do Hospital “João Vellos”’, de Ouroeste, o homem possui sequelas de um AVC – acidente vascular cerebral, sofrido já há algum tempo, o que certamente contribuiu para o acidente ocorrido naquela madrugada.
Atendido pelo serviço de emergência do hospital local, a vítima, a qual nos furtamos de identifica-la a pedido da família, apresentava um quadro que inspirava maiores cuidados, sendo necessária a realização do complexo exame de tomografia para a região do crânio.
Diante do exposto, a equipe médica do Hospital “João Velloso” manteve tratativas com a Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis, referência regional na área de diagnóstico por imagem, para a realização do procedimento. Começa então a epopeia do pobre idoso em busca de atendimento médico.
Sim ou não
Segundo relatos de uma irmã mais nova e da enfermeira que acompanhava o paciente, num primeiro contato com o nosocômio fernandopolense, a possibilidade de se fazer o exame via SUS foi logo descartada, uma vez que já havia outro paciente aguardando procedimento semelhante no Pronto Socorro.
Neste momento, a médica plantonista responsável pelo setor de imagem da Santa Casa, a qual também deixamos de identificar, mesmo que por iniciais, afirmou que faria tal exame caso fosse por via particular, com o pagamento do valor estabelecido.
Frente à gravidade do fato, a família do aposentado se prontificou a custear o exame. Conforme acertado entre os dois hospitais, uma ambulância foi designada para o transporte do idoso, inclusive com acompanhamento de uma profissional de enfermagem durante o transporte.
Por volta das 12h20, a ambulância chegou a Fernandópolis com o paciente e enquanto a irmã acertava o valor estabelecido pelo exame, um novo capítulo se iniciava na história.
Quando a equipe da Santa Casa acionou a médica plantonista, uma nova recusa aconteceu justificada pelo horário, que segundo a médica, seria até as 11h00.
Mesmo com as reiteradas solicitações, tanto da família, quanto da equipe do Hospital de Ouroeste, a médica fernandopolense se manteve irredutível, afirmando que apenas atenderia o paciente que estava aguardando no PS e isso após as 17h00.
A “queda de braço” se estendeu até por volta das 14h45, quando o financeiro da Santa Casa devolveu a quantia paga pela irmã do idoso, diante da recusa da médica plantonista, que não se encontrava mais no hospital. Durante todo o tempo, o aposentado permaneceu na maca, dentro da ambulância, apenas com um curativo no local do ferimento.
Segundo a acompanhante do idoso, a médica teria encerrado a conversa dizendo que não atenderia o caso e que estaria participando de uma festa de confraternização alusiva ao Dia das Mães, fato pelo qual desligaria o celular.
Sem opção, a equipe que acompanhava o caso deslocou até o Plantão Policial para o registro da ocorrência e depois seguiu viagem até Ouroeste, sem conseguir fazer o importante exame de tomografia.
A equipe do Diário Regional flagrou a ambulância no momento da elaboração do boletim de ocorrência, defronte ao Plantão Policial. Mais uma vez, o aposentado de 79 anos permaneceu dentro do veículo, sofrendo de dores e com o forte calor.
Procurados o setor de assistência social da Santa Casa de Fernandópolis e membros da diretoria, ninguém quis comentar o fato, alegando não terem conhecimento do caso até então.
