Um idoso de 71 anos aguarda, há quase um ano, pela cirurgia para retirada de uma grande hérnia que tomou conta de seu abdômen, prejudicou a mobilidade e causa crises semanais de infecção. Ao G1, a filha do idoso conta que a hérnia, que começou do tamanho de um limão, já pesa cerca de 30 kg.
A família, que é natural de Praia Grande, no litoral de São Paulo, percebeu a presença da hérnia no abdômen do idoso há cerca de quatro anos, quando a estrutura começou a provocar feridas.
“Começou do tamanho de um limão. Aquilo estourava, infeccionava, meu pai tinha febre e em seguida a ferida fechava, e desse jeito foi crescendo sem sabermos o que era”, conta a filha, que prefere não se identificar.
Ela afirma que o pai, então, enfrentou uma sequência de exames e consultas médicas em hospitais e unidades de saúde de Praia Grande até ser encaminhado ao Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. “Durante três anos, falaram que o problema dele não era urgente”.
A hérnia infra-umbilical lipomatosa foi apontada em exames realizados no hospital santista em agosto de 2019. A condição, porém, já limitava a mobilidade do idoso, que caminha com dificuldade e por curtas distâncias. Ao se sentar, ele necessita de um apoio para a hérnia para evitar novos ferimentos, segundo a filha.
“Ele já não faz mais nada, mal sai na rua e não consegue fazer as necessidades sem ser no banho. As crises de febre, que aconteciam uma vez por mês, agora são semanais. Ele fica dois, três dias sem sair da cama, já perdeu a vontade de viver”, desabafa a filha do idoso.
Ela conta, ainda, que uma cirurgia para a retirada da hérnia chegou a ser agendada para novembro de 2019. O idoso realizou os exames pré-operatórios e chegou a perder 50 kg, a pedido da equipe médica, para reduzir os riscos do procedimento. No entanto, a cirurgia acabou adiada.
“Mudaram para dezembro, depois para janeiro, fevereiro e em março veio a pandemia, aí disseram que suspenderam a cirurgia. Os exames pré-operatórios que ele tinha feito venceram e em agosto fizemos novos exames, mas continuamos sem perspectiva nenhuma de um agendamento. É muito triste ouvirmos que o caso dele não é urgente”, finaliza.
Cirurgia
De acordo com o Ministério da Saúde, a hérnia abdominal é a protrusão parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abre, por má formação ou por enfraquecimento nas camadas de tecido protetoras dos órgãos internos do abdômen.
A cirurgia é o único tratamento que pode corrigir permanentemente uma hérnia abdominal. As hérnias não complicadas são tratadas por meio de cirurgias programadas, porém, há casos em que são necessárias cirurgias de emergência, segundo o órgão.
Em nota ao G1, a Secretaria de Estado de Saúde de SP afirma que o idoso é atendido por equipe multidisciplinar e especialista no Hospital Guilherme Álvaro. Ainda nesta semana a unidade entrará em contato para nova avaliação e definição da conduta terapêutica. A realização de cirurgia requer indicação médica e quadro clínico estável para a segurança do próprio paciente.