Aos 91 anos, Líbia Guerreiro fez a primeira tatuagem: uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida no antebraço direito. Na terça-feira (15), em um estúdio de Goiânia, a idosa cumpriu uma promessa que fez à santa caso o neto passasse no vestibular para cursar medicina – o que se realizou no início deste ano.
“Eu falei para ele que ele tinha que estudar muito, fazer a parte dele, que a santa garantia a tranquilidade para ele fazer a prova. Assim foi”, disse Líbia.
Lúcida e independente, ela fez questão de escolher o desenho e o lugar onde a tatuagem ficaria no corpo – bem visível. Líbia disse que é muito devota da santa desde criança, que sente uma conexão com ela e ficou muito feliz em fazer essa homenagem.
“Eu gostei muito da tatuagem. Não doeu e eu fiquei muito satisfeira. […] Vou morrer com ela”, disse em tom de brincadeira.
O tatuador Luã Luis Evangelista Queiroz, conhecido como DaLua, recebeu a cliente em seu estúdio, em Goiânia. Apesar da idade incomum, o profissional disse que Líbia foi muito forte: não reclamou de dores e fez valer o que ela queria no desenho.
“Nós iríamos fazer só os traços, a princípio, mas ela fez questão de colorir a pele negra da santa, para que desse para ver quem era [Nossa Senhora Aparecida]”, contou.
A primogênita de Líbia, Márcia Guerreiro, foi quem levou a idosa ao estúdio, mas disse que toda a iniciativa veio da mãe. A filha também destacou o quanto ela ficou satisfeita de ver a santa homenageada na própria pele.
“Ela mesma marcou, escolheu o desenho. Quando ele coloriu, ela ficou feliz demais. Parecia um passarinho!”, disse.
Segundo a filha, Líbia é muito independente, saudável e, mesmo com idade avançada, tem a mente aberta. Márcia admira a liberdade que a mãe exerce na vida até hoje.
“Ela é vaidosa, gosta de se arrumar, de usar coisas coloridas. Adora uma cervejinha, uma cachaça e um torresmo. Cozinha, mora sozinha, é super ativa. Faz de tudo!”, comentou.
O neto que passou recentemente no vestibular para medicina e motivou a promessa já está em Ribeirão Preto (SP) cursando o primeiro semestre da faculdade. Pedro Guerreiro contou que soube da tatuagem pela mãe, Márcia.
“Eu estava num dia inteiro de provas e recebi a mensagem da minha mãe com a foto da tatuagem. Eu achei que ela não ia fazer!”, contou.
Pedro disse ainda que se sentiu lisonjeado de ter sido parte deste momento tão marcante.
“Não tenho palavras para descrever. É uma sensação fantástica ver ela fazer essa homenagem em uma idade tão significativa, de uma geração tão diferente”, comentou.