quinta, 6 de fevereiro de 2025
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Hospital usa furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas

No Hospital Nossa Senhora do Pari, localizado no Centro de São Paulo, médicos têm utilizado furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas. Imagens obtidas pela TV Globo e relatos de funcionários confirmam…

No Hospital Nossa Senhora do Pari, localizado no Centro de São Paulo, médicos têm utilizado furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas. Imagens obtidas pela TV Globo e relatos de funcionários confirmam a prática, que é proibida pela Anvisa desde 2008.

Os vídeos mostram os profissionais manuseando as furadeiras, algumas com manchas de sangue e fios desencapados. De acordo com um funcionário do hospital, que optou por não se identificar, o local conta com pelo menos cinco a nove furadeiras domésticas, semelhantes às usadas para perfurar paredes. Algumas têm a marca raspada e outras foram reformadas pelos próprios médicos.

A Associação Beneficente Nossa Senhora do Pari, fundada em 2002, é 100% credenciada pelo SUS para atendimentos ortopédicos. Segundo o mesmo funcionário, as furadeiras são usadas em todos os procedimentos que exigem perfuração óssea.

Relatos de pacientes afetados

Eduardo Santos, vítima de um acidente de moto em 2020, passou por uma cirurgia no hospital e afirma que perdeu a mobilidade do braço direito, levando-o a processar a unidade. “Eu sentia tudo, eles me cortando, me batendo. Foi um horror. Não consigo trabalhar porque meu braço não acompanha o movimento do outro”, relatou.

O advogado Helton Fernandes, especialista em direito da saúde, criticou a prática: “Toda conduta profissional em desacordo com os padrões da medicina deve ser encarada como erro. O fato de ser no sistema público não justifica o uso de meios inadequados”.

Outro ponto de preocupação é a esterilização inadequada dos equipamentos. Durante uma inspeção, foi constatado que a higienização das furadeiras é feita com detergente desengordurante, indicado para pousadas, cozinhas e restaurantes, conforme descrito no site do fabricante.

Por meio de nota, a direção do hospital afirmou que os perfuradores utilizados são aprovados pela Anvisa e passam por fiscalizações periódicas. A Secretaria Estadual da Saúde informou que o hospital tem autonomia administrativa e está sob gestão municipal, cabendo à Vigilância Sanitária realizar inspeções.

O Conselho Regional de Medicina declarou que acionou seu departamento de fiscalização e investigará o caso. Já a Anvisa reforçou que a fiscalização inicial cabe ao município e ao estado.

A Prefeitura de São Paulo afirmou que não há denúncias registradas contra o hospital, mas que, caso sejam confirmadas irregularidades, o contrato pode ser rescindido. O órgão também destacou que o alvará sanitário é de responsabilidade do estado.

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