Os crimes contra a vida têm preocupado as autoridades de segurança em Votuporanga, e não é para menos.
O setor policial registrou em oito meses do ano a marca de oito homicídios dolosos (quando é caracterizada a intenção de matar).
A marca já supera todo o ano passado, quando ocorreram sete assassinatos na cidade e empata com 2010. O que preocupa é que ainda temos quatro meses pela frente e também que os números são muito superiores aos registrados no período entre 2003 e 2009, por exemplo.
A reportagem usa como base os dados divulgados na última segunda-feira pela Secretaria de segurança Pública do Governo do Estado e contabilizam as ocorrências policiais de acordo com a modalidade que ocorreram mês a mês de 2012, até julho. Segundo o balanço, até o sétimo mês, foram sete homicídios, mesma marca que 2011.
Porém, neste mês, no dia 6, mais um caso foi registrado. A jovem Neurimar de Souza Santos, de 25 anos, foi morta brutalmente com golpes de faca, na frente dos três filhos pequenos, na casa onde morava na rua Antônio Cramolichi, no bairro Estação. Então, até ontem, 2012, já conta com oito vítimas.
Os dados apontam a concentração das mortes nos primeiros meses deste ano, enquanto em 2011, as mortes foram “distribuídas” ao longo do período. No ano passado foram registrados assassinatos em janeiro (2), março (1), agosto (2), outubro (1) e dezembro (1). Neste ano, a violência contra a vida começou em março (1), abril (2), junho (2) e julho (2). Em em 2009, por exemplo, foram doi homicídios em todo o ano. Na comparação entre as estatísticas dos anos, 2012 também é pior em latrocínio – roubo seguido de morte -, com o registro de um caso.
Os índices deixam Votuporanga fora da comemoração da queda de 7,7% dos homicídios no estado. Segundo a SSP, na capital as mortes violentas reduziram 24,5%.
“Onda de homicídios”
Na última sexta-feira, durante o julgamento de um jovem, condenado pela autoria de um duplo homicídio no bairro Pró-povo, o promotor José Vieira da Costa Neto disse que a cidade está sendo tomada por uma crescente de assassinatos e que as autoridades de segurança do município precisam tomar uma ação para coibir esse tipo de crime. “Votuporanga está sendo tomada por uma onda de homicídios. Precisamos fazer alguma coisa. Está voltando a ficar como antigamente, no prédio do antigo fórum, quando os julgamento de homicídio eram frequentes. Se não fizermos algo, vamos chegar ao ponto de ter que lidar com dois, ou três casos por semana”, disse o promotor.
Polícia na rua
Em nota publicada enviada recentemente ao A Cidade, o comandante da 3ª Companhia da Polícia Militar de Votuporanga, Capitão Édson Fávero, apresentou dados que mostram que apesar do aumento do número de homicídios, que podem passar à população uma sensação de insegurança, o policiamento nos bairros da cidade tem resultado o aumento da produtividade no combate ao crime e os casos mais graves, se não puderam ser impedidos, ao menos foram esclarecidos e a resposta dada à sociedade.
A PM ressalta que, apesar do empenho, alguns desses delitos são impossíveis de serem evitados pelo policiamento ostensivo (ou seja, durante o patrulhamento), como por exemplo, dois deles ocorrerem em interiores de residências, cometidos por filhos contra suas próprias mães, além de um crime passional, envolvendo, em tese “triângulo amoroso”.
O capitão também informou que quase a totalidade desses homicídios expõe envolvimentos dos autores com substâncias entorpecentes, sejam como viciados, ou como traficantes.