Circula nas redes sociais um vídeo de um homem que fez um procedimento para alterar a cor dos olhos de forma permanente. No entanto, apesar de o assunto ter gerado curiosidade, especialistas ouvidos pelo site g1 condenam a prática e alertam para riscos aos pacientes.
O médico oftalmologista Renan Ferreira Oliveira explica que a técnica usada no procedimento do homem que viralizou na internet, inicialmente, era para tratamento de cegueira — e não para fins estéticos.
“O procedimento médico deste caso chama-se queratopigmentação, que se desenvolveu para casos em que a pessoa não enxerga completamente nada”, relata o oftalmologista.
Oliveira disse ainda que o procedimento é usado quando a córnea está comprometida, e, para não ficar um olho muito diferente esteticamente do outro, desenvolveu-se essa técnica para tatuar a córnea.
“Basicamente, se coloca pigmentos no tecido da córnea para ficar parecido com o olho normal”, acrescentou o médico.
A página do oftalmologista Alexander Movshovich divulgou o vídeo. O médico garante que o procedimento é seguro e permanente.
Em menos de dez dias, a gravação acumulou mais de 5 milhões de visualizações nas redes sociais.
O perfil no Instagram Kerato NYC possui diversos vídeos de Movshovich realizando cirurgia para alterar a cor dos olhos dos pacientes.
Riscos do procedimento para fins estéticos
Ainda na entrevista dada ao g1, Oliveira revela quais são os riscos da cirurgia ocular para fins estéticos.
“Esse procedimento pode reduzir o campo visual do paciente e a visão periférica fica comprometida”, disse. “Quando se colore toda a periferia da córnea, você restringe o campo visual da pessoa. Os pacientes desenvolvem fotofobia. A luz bate nos micropigmentos e estouram.”
Além de todas essas consequências nocivas aos olhos, Renan esclarece que a queratopigmentação é irreversível e que o Conselho Nacional de Medicina reprova tal procedimento.
O Brasil permite a queratopigmentação para fins de “reconstrução” em pessoas cegas. Entretanto, proíbe para fins estéticos em pessoas com vida saudável.
Os principais riscos da queratopigmentação para fins estéticos são:
Infecções no olhos;
Restrição do campo visual do paciente; e
Desenvolvimento de fotofobia.
O oftalmologista César Motta, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), concorda com Renan em relação aos perigos do procedimento ocular para alterar a cor dos olhos.
Assim como o colega de profissão, ele deu entrevista ao site g1 e não recomendou nenhum tipo de cirurgia ocular para alterar a cor dos olhos.
A dupla de especialista orienta que pacientes usem lentes de contato, em vez de recorrer a procedimentos de risco.
