Os moradores da rua Antonio Andrade, Jardim Faculdade, zona sul de Sorocaba, ficaram chocados com a morte da professora Maria Luciana Evaristo de Góes, 44 anos, assassinada a golpes de estilete pelo irmão José Roberto Evaristo de Góes, 52, nesta quarta-feira (21).
Tudo começou por volta das 11h30, segundo os vizinhos. Os dois parentes discutiram sobre a medicação usada por José, que seria um doente mental. “Ela dizia a ele que não compraria o Rivotril [remédio de receita controlada]. Ameaçou chamar o Samu [Serviço Móvel de Urgência] para levá-lo ao hospital psiquiátrico”, diz uma vizinha que não quis se identificar. “Quando deu 13h, a discussão parou. Foi quando o José Roberto saiu na rua desesperado, com a camiseta com sangue”, acrescenta.
Surto
O rapaz saiu de casa na direção de uma loja que fica ao lado e pediu para um dos vendedores chamar a polícia, “que tinha feito uma besteira”.
Assustada, Alzira de Souza, 57, amiga da professora morta, entrou na casa para ver o que tinha acontecido. Viu a mulher no chão, de bruços, com uma poça enorme de sangue sob o corpo. “Foi um choque. Não tenho palavras. Foi uma sensação ruim terrível ver aquela cena”, afirma a funcionária pública, acostumada a ver pessoas doentes no trabalho. “A mãe, dona Vanda, que cuidava dele, morreu há dois meses. Depois dessa perda, o José Roberto piorou. Era ela quem comprava os remédios e cuidava dele.”
O sargento Carlos Silva foi o policial militar que atendeu a ocorrência. Para ele, o assassino não é tão doente como os vizinhos o descrevem. “Ele apresentava sinais de raciocínio perfeito. Se entregou, sem resistência”, diz, crente de que o rapaz sabe o que fez.
Os primos de Maria Luciana e o irmão assassino foram os primeiros a chegar. Um deles afirmou que José Roberto “não era uma pessoa agradável de conviver”.
Já o professor Daniel Góes, 31, informou que o tio José Roberto queria vender a casa e brigou com toda a família. Ainda segundo ele, o criminoso teria perdido muito dinheiro com apostas mal-sucedidas e ficou confuso depois de falir. “Ele se sentiu azarado e surtou de vez”, conta.
“Demorou para acontecer”, confessa outra vizinha, quando viu o corpo de Maria Luciana ser retirado da casa pelos funcionários da Ossel. “As brigas eram constantes. Com muitos palavrões. Não era novidade. Estava na cara que isso iria dar em morte”, diz.
A casa da família Góes virou cena de horror. Havia uma grande poça de sangue na cozinha e bagunça para todo lado. O cheiro era forte.
Na delegacia, o irmão de Maria Luciana tinha uma fala desconexa – alternava discursos concretos, em que se defendia do crime, e de fantasia. “Ela não queria deixar eu sair de casa para comprar o meu remédio. Não me aguentei, veio uma sensação nervosa. Peguei a cadeira e fui para cima”, afirma José Roberto. “Depois, não lembro de mais nada.”