O empresário Luiz Eugênio Venturim exibiu um imigrante venezuelano, que ele afirma viver em situação de vulnerabilidade social em Uberlândia, aos seus funcionários para pressioná-los a não votar em Lula. O Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT-MG) apura o caso.
No vídeo que circula nas redes sociais Luiz Eugênio aparece dentro do carro com o homem, a esposa e duas crianças, dizendo que os encontrou pedindo ajuda em um semáforo. O registro foi feito pelo próprio empresário, que usa camiseta e boné amarelo.
“Tô dando carona pra ele. Vou deixar a esposa e os filhos deles em casa. Ele vai lá pra minha empresa, para o pátio da minha empresa, pra ele explicar o que é o Lula ganhar. Então tá aqui, vou pagar o dia dele. Ele tava pedindo ajuda no sinaleiro”, afirmou o empresário.
O vídeo é interrompido e, em seguida, retomado na empresa Locatudo, que atua na área de aluguel de equipamentos para construção civil. Mostrando o imigrante, Venturim diz aos funcionários que a situação de vulnerabilidade vivida pelo homem e a família pode acontecer com os colabores, caso Bolsonaro não seja reeleito. “O que pode acontecer com o nosso país se Lula ganhar”, falou.
O g1 tentou contato com Luiz Eugênio Venturim. Por telefone, uma funcionária da empresa informou que ele não estava e retornaria assim que chegasse, porém, não houve retorno.
Segundo o procurador do Trabalho Paulo Veloso, o caso foi denunciado como assédio eleitoral. “A denúncia gerou notícia fato, que foi distribuída, e será analisada pelo procurador do Trabalho definido, cabendo a produção de novas provas, se necessário”, explicou Veloso.
O procurador informou, ainda, que os casos de assédio eleitoral aumentaram muito no país.
“No Brasil como um todo e, em especial em Minas Gerais, o volume aumentou muito como um todo, principalmente esta semana. Em Uberlândia, estamos próximos de 10 denúncias de assédio eleitoral”, contou Veloso.
Denúncias
De acordo com o Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais, desde a semana passada o número de denúncias de assédio eleitoral tem aumentado. Até o dia 20 de outubro foram registradas 247 denúncias, sendo 215 empresas denunciadas.
Todas as denúncias descrevem situações de empregadores que exigem que empregados vistam camisetas de candidato; denunciam a articulação de movimento em grupo de WhatsApp de categorias profissionais coordenado por associações de classes; e ameaças de dispensa caso o funcionário não vote no candidato do empregador. As situações de coação ocorrem em diversos setores econômicos, dentre os quais estão comércio varejista de alimentos, roupas, calçados, área da saúde, indústria e administração pública municipal.
Ainda conforme o MPT , os casos são apurados e acordos são firmados por meio de assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta ou ações civis públicas.