Um homem suspeito de assediar e ofender verbalmente a deputada estadual Isa Penna (PC do B) foi preso em flagrante em Botucatu (SP), neste sábado (24), durante uma caminhada de campanha. Um boletim de ocorrência por importunação sexual e lesão corporal foi registrado.
Segundo o boletim de ocorrência, a deputada estava acompanhada de seus apoiadores na rua Marechal Deodoro quando foi abordada por um homem que pediu para tirar uma foto com ela. No momento, Isa relatou aos policiais que o suspeito agarrou a sua cintura e a apertou.
Ainda segundo o BO, o suspeito cochichou no ouvido da deputada: “você é uma vadia, o assédio com o Fernando Cury não aconteceu”. Em seguida, o homem tentou fugir, mas a deputada contou que o encontrou em meio à multidão e pediu que repetisse as ofensas, o que, segundo ela, não ocorreu.
Um assessor de campanha da deputada também foi detido pelos policiais militares. O suspeito de ofender a deputada foi preso e encaminhado para a cadeia de Itatinga (SP), onde permanece até a audiência de custódia, que deve ocorrer neste domingo (25).
O celular do suspeito foi apreendido. A polícia solicitou ao Instituto Médico Legal (IML) um exame de corpo de delito para a vítima.
Nas redes sociais, a deputada postou um vídeo em que narra detalhes do acontecimento. Na legenda, escreveu: “Fiquei meio em choque, mas fui atrás dele e disse: Repete agora que tem um monte de gente em volta, mas ele não repetiu”.
Assédio na Alesp
O caso de assédio envolvendo o deputado Fernando Cury que o suspeito de assediar e ofender Isa Penna se referiu ocorreu em dezembro de 2020. Uma câmera da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) flagrou o deputado Fernando Cury (agora no União Brasil) passando a mão no seio da deputada Isa Penna em um abraço por trás, durante a votação do orçamento do estado para este ano.
Na época, a deputada registrou boletim de ocorrência contra o deputado por importunação sexual. Em dezembro de 2021, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), elaborada em abril daquele ano. Com a decisão, foi instaurada uma ação penal contra o deputado e um pedido de reparação por danos morais.
O relator do caso, o desembargador João Carlos Saletti, informou que a peça apresentada pelo MP descreve adequadamente os fatos que, em tese, configuram o crime de importunação sexual.
Em novembro, o diretório estadual do Cidadania decidiu, por 27 votos a 3, pela expulsão do deputado estadual.
Suspensão do cargo
Em 1º de abril, a Alesp aprovou por unanimidade uma resolução que determinou a suspensão do mandato de Fernando Cury por 180 dias, decisão inédita na Casa. Após os dias de suspensão da Alesp determinados pela Casa, Cury retomou o mandato.
A punição de seis meses implicou na paralisação do mandato e do gabinete de Cury, com a consequente posse do suplente, Padre Afonso (PV), que integrava a coligação que o elegeu e que pôde formar sua própria equipe.
A defesa de Fernando Cury tem alegado que ele “não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la” no que chamou de “leve e rápido abraço”, mas a deputada o denunciou ao Conselho de Ética da Casa Legislativa e defendeu a cassação do mandato dele.
Após diversas reuniões virtuais, no entanto, a maioria dos conselheiros, como o deputado Wellington Moura (Republicanos), pediu a pena mais branda, de suspendê-lo por 119 dias, punição que permitiria a continuidade dos trabalhos no gabinete.