A China impôs uma pena de prisão a um uigur por utilizar uma longa barba, uma decisão classificada nesta segunda-feira (3o) de inaceitável e absurda por um grupo de defesa desta minoria muçulmana com sede no exterior.
Um tribunal de Kashgar, na região autônoma de Xinjiang, no oeste do país, condenou recentemente a seis anos de prisão um homem de 38 anos, publicou o jornal da juventude da China. Sua esposa enfrenta, por sua vez, dois anos de prisão.
O homem “deixava a barba crescer desde 2010″, enquanto sua mulher “usava véu e uma burca”, práticas punidas pelas autoridades regionais, indicou o jornal. O casal era acusado de “avivar conflitos e provocar distúrbios”.
Esta sentença “é inaceitável e absurda”, denunciou Dilxat Rashit, porta-voz do Congresso Mundial Uigur, uma organização de defesa desta minoria.
Segundo ele, trata-se de um caso “típico da perseguição política” sofrida pelos uigures, muçulmanos turcófonos que formam a primeira etnia em Xinjiang.
As autoridades locais realizam uma extensa campanha contra o véu e a barba nesta região, palco de atentados e confrontos mortíferos que Pequim atribui sempre a separatistas e extremistas religiosos.
Um funcionário de Kashgar negou-se a confirmar à AFP as informações publicadas pelo jornal chinês, que aparecia parcialmente censurado nesta segunda-feira na internet.
O caso seguia, no entanto, alimentando as conversas nas redes sociais chinesas, onde alguns internautas faziam perguntas sobre a verdadeira eficácia deste tipo de proibição.
“A quantos anos de prisão teriam condenado Marx?”, pergunta ironicamente um internauta, em referência ao filósofo de longa barba, figura chave para o regime comunista.