Em 1º de maio de 2019, completamos 25 sem Ayrton Senna nas pistas. Mas precisamos de apenas 10 para ver uma carreira intensa chegar ao Olimpo do automobilismo mundial.
Desde a estreia na Fórmula 1, em 1984, Senna já mostrou que não estava ali para ser coadjuvante de ninguém, mesmo dividindo o grid com grandes protagonistas do espetáculo, como Niki Lauda, Alain Prost, Nelson Piquet e Nigel Mansell.
O primeiro cartão de visitas dele na Fórmula 1 foi entregue nas ruas de Mônaco, com um show de pilotagem na chuva, com a desconhecida Toleman. Ele só não venceu aquela prova porque Jean Marie Balestre, presidente da Fia, encerraria a corrida antes do final para favorecer o piloto francês, Alain Prost.
Ayrton Senna era um obstinado não somente pela vitória, mas pela perfeição. Venceu 41 corridas, subiu 80 vezes ao pódio, cravou 65 pole positions e conquistou 3 títulos mundiais, em 1988, 1990 e 1991. Tirava nosso nas madrugadas dos Grandes Prêmios do Japão e da Austrália. E nos acordava mais cedo naquelas inesquecíveis manhãs de domingo.
Com o maior carro da história da Fórmua 1, Senna levava no seu cockpit 200 milhões de brasileiros para disputarem junto com ele a freada com Alain Prost no GP do Japão, em 1990, para dificultar a vida de Nelson Piquet em 86, na Hungria, e para segurar o leão Nigel Mansell nas ruas de Monaco em 92, quando o brasileiro chegou à sua 5ª vitória nas ruas do principado. No ano seguinte ele foi coroado como o “Rei de Mônaco”, com 6 vitórias no quintal do Príncipe Ranier.
Indiscutivelmente o piloto mais rápido de todos os tempos, Senna teria na sua carreira a mesma velocidade meteórica de grandes ídolos do passado. Foi assim com James Dean, que em menos de 1 ano revolucionou o estilo de uma geração. Mas seria apenas esse “efeito James Dean” responsável por Senna receber da revista Autosport inglesa o título de “melhor piloto de todos os tempos”?
Nada disso. Antes mesmo do nosso tricampeão mundial deixar as pistas, a Fórmula 1 assistia à invasão de um verdadeiro exército de jornalistas brasileiros para a maior cobertura já vista na história de um piloto. Éramos 21 , das mais diversas mídias de imprensa do brasil, presentes em todas as provas do calendário.
O brasileiro não cultua o esporte. Cultua o super-herói. E Ayrton era um super-herói que derrotava seus adversários na pista de corrida, utilizando os super poderes de sua pilotagem. Com a capa de super-herói, salvou o piloto Erik Comas durante os treinos do GP da Bélgica, em 92. Sem ela, venceu pela primeira vez o GP do brasil em 1991, com apenas a 5ª marcha, submetido à um esforço físico sobrenatural pra cruzar a linha de chegada em primeiro. Naquele momento, o super-herói mostrava pros seus fãs a sua fragilidade como ser humano, que, como qualquer brasileiro, precisava lutar muito pra atingir seus objetivos.
Senna levantou literalmente a bandeira brasileira nas suas conquistas e, junto com ela, a esperança de um povo carente por conquistas, que se identificava com ele nos momentos mágicos daquelas manhãs de domingo.