sábado, 23 de novembro de 2024
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Grupo de restaurantes confronta Estado e anuncia reabertura

Um grupo de proprietários de restaurantes de Rio Preto decidiu se unir para reabrir os estabelecimentos que estão fechados para atendimento local desde o final de março, quando a quarentena…

Um grupo de proprietários de restaurantes de Rio Preto decidiu se unir para reabrir os estabelecimentos que estão fechados para atendimento local desde o final de março, quando a quarentena em função da pandemia da Covid-19 foi decretada.

A ideia é a de que os restaurantes reabram a partir das 18h desta sexta-feira (14). Uma reunião deve ocorrer ainda nesta terça-feira (11) entre proprietários de restaurantes e a Prefeitura de Rio Preto para se tentar chegar a um acordo.

A ação contraria decreto do Plano São Paulo de flexibilização, que permite atendimento presencial apenas a partir da fase amarela (3). Desde quando o Plano SP foi anunciado, no final de maio, a região de Rio Preto sempre esteve na fase laranja – muito próxima de regredir para fase vermelha (1), a mais dura da quarentena, que permite abertura apenas de serviços essenciais.

A empresária Laís Guimarães Accorsi, proprietário do Blue Jasmim e do Barbecue, é uma das integrantes e lideranças do movimento. Segundo ela, os restaurantes seguirão rigorosamente as normas de distanciamento.

“Vai funcionar como todos os estabelecimentos que estão reabrindo, seguindo regra local de após 20h não servir bebida alcoólica. Vai funcionar com distanciamento, álcool gel, garçom com máscara, esterilização de talhares. Aliás, vai funcionar como lugar muito menos contaminado que supermercados, do que pedágio, do que fila de banco. (Restaurantes) muito mais seguros, porque a gente controla o lugar”, disse.

Sem contaminação
Segundo Laís, diversas festas estão ocorrendo aos finais de semana, o que mostra que ninguém está respeitando o isolamento social. Em uma, ela cita, havia cerca de 600 pessoas. “Eu não vou resolver meu problema denunciando os outros, porque, para mim, isso é coisa de gente pequena. Isso é serviço das autoridades locais”, afirma.

“Restaurante não aumenta contaminação de ninguém. Estou tomando bordoada nos perfis dos meus restaurantes de gente que só quer meter a boca, não está preocupada com dados, em nada. Quer meter a boca, então paciência. É fácil meter a boca quando salário está caindo todo mês bonitinho”, disse.

Após anunciar que vai reabrir na sexta, diversas pessoas comentaram no perfil do restaurante “Blue Jasmim” de forma contrária ao retorno do atendimento presencial. Algumas disseram, por exemplo, que não comprarão mais no restaurante.

“É muito fácil levantar a bandeira do ’fica em casa’ quando ninguém está ficando em casa. Nem velho está ficando em casa, a verdade é essa. As pessoas acham que ir na casa do filho ou do genro é ficar em casa? Não é nada. Todo mundo que está em home office está tudo muito bem. Ninguém quer saber como está restaurante. Aí o que vai acontecer? Quando voltar vai falar ‘ai que pena, meu restaurante preferido quebrou’”, afirmou Laís.

Sem recurso
A empresária afirmou que está em dívida com funcionários, porque não imaginava ficar com os estabelecimentos fechados tanto tempo.

“Muita gente demitiu no começo. Outros que trabalham com mão de obra mais especializada manteve, porque você não considera que isso chegaria até agosto. O governo anunciou plano para pagar parcela do salário dos funcionários e não demitir. Beleza, mas ninguém falou que após três meses ficaríamos fechados. Estão matando a gente sufocado sem poder gritar. Eu cansei. Já vendi bicicleta, roupa, carro para colocar no restaurante. Estou vivendo aos 41 anos e precisar ajuda do meu pai? Estou devendo para os meus funcionários, isso é uma loucura. Não posso nem mandar embora para que eles entrem com seguro desemprego porque não tem dinheiro para fazer acerto. Um abandono total”, disse.

Para Laís, há outro problema também: a concorrência que se abriu e que considera desleal. “Enquanto isso está todo mundo vendendo pão pela internet, vendendo massa caseira, vendendo bolo. É um cara que não recolhe imposto, é um cara que você não sabe a matéria prima, se ele enfiou o dedo no nariz para manipular a comida, qual situação da cozinha dele, não recebe fiscalização. E aí estamos competindo no delivery com essa mão de obra?”, questiona.

Prefeitura
A Prefeitura de Rio Preto informou por meio de nota “que há um decreto em vigor que segue as normas sanitárias impostas pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus do Estado de São Paulo e da Secretaria de Saúde Municipal. De acordo com as regras desses comitês, seguindo o plano São Paulo, Rio Preto está na fase laranja, que proíbe a abertura desses estabelecimentos neste momento.

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