Um grupo denominado “Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis” aderiu às manifestações que ocorrerão neste sábado, 29, em todo o país, contra o presidente da República.
Em Fernandópolis, o protesto ocorre logo mais às 9h30 na Praça da Matriz. Qualquer cidadão pode participar.
Criado em julho do ano passado, o grupo já realizou 19 reuniões online, e se comunica por meio de redes sociais, e também pelo e-mail forabolsonaro.fernandopolis@gmail.com
Os integrantes elaboraram um manifesto, que pode ser lido na íntegra abaixo:
MANIFESTO EM FAVOR DA MOBILIZAÇÃO DA ESQUERDA SOB O VIÉS DE IR ÀS RUAS
“O Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis vem, através deste manifesto, expressar o apoio às manifestações de rua, independente do lado político, sem qualquer tipo de represália, tanto moral quanto judicial.
Mesmo assim, alertamos o perigo das manifestações de direita que ocorreram no dia 1º de Maio. Que a esquerda se mobilize de modo urgente, a mostrar sua força na prática. O descaso do atual governo para com o trabalhador, a saúde, a educação, a iminência de um Golpe Militar, com apoio maciço da direita bolsonarista, configura-se como um momento de extrema importância para que a verdadeira vontade popular e consciente se manifeste, sob pena de censura e repressão ainda maiores, conforme a legitimação dos militares for crescendo.
Não podemos cair na inércia que os representantes da Frente Ampla vêm propagando durante todo o mandato. Combater um governo golpista, antidemocrático, de maneira superficial e burocrática, dentro da Câmara, é decretar nosso isolamento do povo. É sucatear as mobilizações de base que mais caracterizam o modo de fazer política da esquerda.
Não podemos depender da esperança de que um governo antidemocrático se desfaça por conta das eleições de 2022, pois é terceirizar um direito que é do povo: se auto organizar e protestar sobre seus direitos. Além de depender de um mecanismo totalmente influenciável pela burguesia, seja pelo monopólio da mídia e distorção de fatos, que influenciam o voto popular, seja por manobras políticas-judiciárias para eliminar membros da esquerda da concorrência (tudo isso já se verificou no passado e pode ocorrer novamente).
Infelizmente, mesmo numa situação de grave pandemia, devemos assumir essa responsabilidade (com todas as medidas sanitárias possíveis), até porque o governo é o maior responsável pela proliferação do vírus, e não o trabalhador. Sem uma organização política para protestar esse descaso, a pandemia continuará a atingir um número exorbitante de mortes. Há uma tendência de setores da esquerda para desmotivar comoções de massa por conta das aglomerações, postergando a solução da crise ao nível eleitoral. É nesse sentido que nosso manifesto também clama pela liberdade de expressão, de modo a evitar sofrer qualquer tipo de represália, seja moral ou judicial, que possa cercear o direito de livre manifestação. Importante que essa liberdade se estenda à direita, tal qual houve no dia 1º de maio, para que tal atitude não abra prerrogativas a serem usadas contra a gente. Afinal, a máquina judiciária é estritamente ligada à burguesia e, havendo alguma legitimidade para que se proíba as manifestações, será de maneira repressiva.
O Judiciário, neste sentido classista, impõe uma impossibilidade de se resolver qualquer problema em favor dos marginalizados. Os rachas, setores e esferas de seu poder tornam qualquer tipo de empreitada jurídica legítima impraticável. O que faz com que pessoas sejam punidas por não terem o acesso à Justiça, mais do que pela forma de atuação desta. Por isso há tantos problemas na Justiça com os bolsonaristas que não terão um fim dentro da lógica de qualquer CPI ou investigação. Todos os casos de corrupção ou desvio de conduta dos membros do governo ou mesmo da sua base de apoio são utilizados exclusivamente como campanha de difamação eleitoral, ou seja, sem mais efeitos práticos do que a mera exposição.
O povo, que está cansado desta Justiça, encontra na crítica ácida da direita um asilo para seu olhar de opressão. Isso leva mais à confusão da luta política da esquerda do que em uma movimentação legítima vinda dos intervencionistas. Mas na medida em que confunde as pessoas para com a defesa do STF pela esquerda, coloca-a como avalista deste sistema judicial classista. Se a Justiça não é esfera de atuação do povo e dos trabalhadores, as ruas são o local exato.
Somente com manifestações e com uma consolidação das organizações de esquerda, que podem propor greves, passeatas e projetos políticos eleitorais, podemos avançar na luta pelos direitos do povo. Todos devem ser livres para se organizar, se manifestar, sem haver censura ou multas. Isso, independente da classe ou viés político.
Que a esquerda se mobilize. Avante às ruas!
Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis”