Três dias após a paralisação de servidores do Metrô, CPTM e da Sabesp, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira (06) que a greve foi “um tremendo tiro no pé”. A paralisação foi em protesto ao programa de privatização e concessão proposto e que, segundo o governador, terá continuidade.
“[A greve] foi um tremendo tiro no pé. Não tinha pauta”, disse Tarcísio em entrevista à rádio Jovem Pan nesta sexta-feira. Para o governador, a reação da categoria é “corporativa” porque servidores temem perder emprego. “Estão olhando para o próprio umbigo”, afirmou.
A greve paralisou o serviço metroferroviário na terça-feira (3). As linhas concedidas à iniciativa privada funcionaram, com exceção de trechos da linha 9-Esmeralda da CPTM, que registrou problemas no sistema elétrico em parte do dia – a operação da via foi normalizada apenas 27 horas depois.
Tarcísio afirma que greve não é o meio adequado para debater a proposta e que os projetos serão submetidos a consulta e audiências pública. “Nenhum projeto sai de uma audiência igual ele entrou. [Esse] é o momento adequado [para discutir”], disse.
No dia da greve, Tarcísio disse que a paralisação era ilegal e motivada por interesses políticos e ideológicos, numa crítica indireta ao deputado federal Guilherme Boulos (Psol), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024. Parte dos dirigentes do Sindicato dos Metroviários é ligada ao Psol.
Representantes sindicais afirmam que buscaram diálogo com o governo antes da greve. Eles pedem a paralisação dos processos de desestatização em andamento e cobram um plebiscito para consultar a população paulista. Pressionam também o governo a recuar do processo de terceirização de funcionários do Metrô. Os sindicatos alegam que as linhas concedidas à iniciativa privada registram mais falhas que as estatais e temem a precarização dos serviços.
A respeito das reiteradas falhas registras pelas linhas 8 e 9 da CPTM, Tarcísio ponderou, durante a entrevista, que a ViaMobilidade, responsável pela operação, está ainda em seu primeiro ano de concessão e recebeu uma estrutura envelhecida.
O governador também rebateu os argumentos de que a venda da Sabesp resultará no aumento de tarifas e piora nos serviços. Segundo ele, a proposta em estudo “protege” a companhia e trará mais investimentos para o setor, além de passar a atender 1 milhão a mais de pessoas no Estado.
O governador voltou a dizer que a proposta de ampliar a participação da iniciativa privada na gestão do Estado foi debatida na campanha eleitoral em 2022 e aprovada pelos eleitores.
Além do estudo das concessões do Metrô e da CPTM, o governador reiterou os planos para ampliar o modelo para outros setores, como educação. A primeira iniciativa será buscar Parceria Público Privada (PPP) para construção de 33 escolas. A empresa vencedora ficará responsável pelos serviços de zeladoria, manutenção, limpeza e merenda.
Reforma tributária
O governador manteve seu posicionamento favorável à reforma tributária proposta pelo governo Lula. Tarcísio disse que “ninguém suporta” a atual carga tributária e a burocracia do modelo vigente.
O apoio de Tarcísio durante a tramitação do projeto na Câmara causou desgaste político ao governador entre o eleitorado bolsonarista.
Segundo o governador, a proposta vai gerar ganhos para o Estado no “curto, médio e longo prazos” porque São Paulo deixará de perder recursos na chamada “guerra fiscal”. Tarcísio, no entanto, defendeu a revisão de benefícios previstos a determinados setores para que a alíquota do imposto a ser criado não seja alta demais.
A reforma está em debate no Senado, onde deve ter mudanças. Há expectativa para a PEC ser votada ainda neste mês.